A aposta é ambiciosa: injetar dinamismo e liquidez no mais estático dos mercados — o imobiliário — comprando, reformando e revendendo apartamentos numa plataforma que com o tempo vai agregar cada vez mais serviços e conveniência.
A empresa acaba de levantar US$ 70 milhões (R$ 250 milhões) numa Series B.
Dois terços da rodada vem dos mesmos investidores que já haviam apostado na Loft em julho do ano passado, quando os fundadores levantaram US$ 18 milhões para começar o negócio.
Os investidores daquela Series A foram: Andreessen Horowitz, em seu primeiro investimento no Brasil; a Thrive Capital (um VC de Nova York); a Monashees e o Canary – além de capital dos próprios fundadores. Investidores pessoa física incluíram: Max Levchin (PayPal), Eric Wu (fundador da OpenDoor), Joe Lonsdale (fundador da Palantir) e David Vélez (do Nubank).
Na Series B, concluída esta semana, novos investidores vieram a bordo: a Valor Capital (do ex-embaixador americano no Brasil, Cliff Sobel); a Fifth Wall (um fundo de Los Angeles especializado em disruption no mercado imobiliário) e o QED, do fundador do Capital One, Nigel Morris. O QED tem um dos melhores históricos de investimento em fintechs do mundo; seu último fundo do QED retornou 10 vezes o investimento. No Brasil, o QED já é investidor do Nubank, Creditas e GuiaBolso.
Em 2014, quando venderam uma participação na Printi, os dois usaram a liquidez para investir em startups. Botaram dinheiro na 99, na VivaReal, Quinto Andar e Gympass. Mais tarde, consolidaram seus investimentos de VC no Canary, o fundo gerido por Marcos Toledo, ex-MSquare, e Julio Vasconcellos, o fundador do Peixe Urbano.
O marketplace da Loft funciona assim: proprietários e/ou corretores cadastram os imóveis, que entram num funil de análise e precificação. Depois do crivo inicial, uma equipe da Loft faz uma visita técnica ao imóvel. Se sair negócio, a Loft paga pelo imóvel à vista, dando liquidez imediata ao vendedor.
O grande desafio é precificar bem. “Somos um participante do mercado a preços justos, não um comprador da bacia das almas. Queremos ganhar no volume, e não necessariamente em cada deal,” Pencz, o co-CEO e fundador, disse ao Brazil Journal.
A Loft classifica os imóveis em cinco níveis na escala de “vai dar trabalho”. Imóveis no nível #1 exigem apenas uma limpeza e pintura. Imóveis no nível #5 exigem refazer tudo: derrubar paredes, trocar toda a parte elétrica e hidráulica, e instalar acabamentos de alto padrão. Nos imóveis adquiridos até agora, o grau de complexidade médio foi de 3,5.
“Fazemos a reforma para aumentar a liquidez e entregar o produto pronto,” diz Hagenbuch. “A grande demanda hoje é por apartamentos revitalizados, a preços justos e em bairros onde não há muita oferta.”
Operando num país em que nem mesmo o imóvel novo é realmente “pronto” — a maioria é entregue no contrapiso — a Loft começou operando em bairros consolidados, onde o estoque de imóveis é antigo: Jardim América, Jardim Paulista e Itaim Bibi. Entre a compra e a venda, o giro médio dos imóveis tem sido de aproximadamente 3 meses, e a Loft projeta um VGV (valor geral de vendas) acima de R$ 2 bilhões para este ano.
A empresa pretende operar em mais sete bairros de São Paulo até o fim do ano (Vila Nova Conceição e Jardim Paulistano ainda nesse semestre) e chegar a Rio e Belo Horizonte entre o final do ano e o começo de 2020.