A Celcoin — uma startup que fornece infraestrutura bancária para fintechs como Inter, Mercado Pago e Neon — acaba de levantar R$ 85 milhões com a Innova Capital, a gestora de growth equity de Verônica Serra.
A rodada é majoritariamente primária, mas tem um componente secundário que dará saída parcial a um dos investidores do captable — uma lista que inclui nomes como a Vox Capital; o Boostlab, do BTG; e a Torq Ventures, o corporate venture capital da Sinqia.
A capitalização vem num momento em que o mercado da Celcoin vem ganhando cada vez mais relevância, com uma profusão de novas fintechs surgindo e de empresas do varejo e da indústria querendo incluir componentes financeiros em sua operação.
A Celcoin foi fundada em 2016 e é uma das pioneiras desse mercado — junto com a Dock (a antiga Conductor) —, oferecendo diversos produtos de infraestrutura para o setor bancário.
Essas soluções — que são integradas à plataforma dos clientes por meio de APIs — são usadas tanto por fintechs como o Inter, Mercado Pago, PagBank e Neon quanto por empresas não-financeiras como Grendene e Intelbras. (A empresa tem mais de 200 clientes.)
O Inter e o Mercado Pago, por exemplo, usam as soluções de pagamento de conta, tributos, recarga e débito automático da Celcoin.
Mesmo para esses players, a oferta é interessante porque “evita desenvolver uma grande quantidade de conexões, integrações, e permite habilitar um grande número de serviços de uma forma muito rápida,” Marcelo França Corrêa, o cofundador da Celcoin, disse ao Brazil Journal.
“O go to market de um produto desses é de uns 6 a 12 meses. Com a gente, eles colocam isso no ar em poucos dias,” disse ele.
Além desses produtos, a Celcoin oferece também APIs para habilitar transações de PIX, saques em ATMs, cobranças e uma solução de Open Banking.
Desde dezembro, quando conseguiu sua licença no Banco Central, ela oferece também uma infraestrutura bancária completa para empresas não-financeiras que queiram criar uma conta digital dentro de casa.
A Celcoin vai usar a rodada para reforçar sua estratégia de M&As de startups que agreguem produtos ao portfólio.
Desde a última rodada da Celcoin, em meados do ano passado, o volume de transações processadas mensalmente pela empresa saltou de R$ 1,7 bilhão para R$ 3 bi.
Para este ano, a expectativa é chegar num TPV anual de R$ 45 bilhões, em comparação aos R$ 25 bilhões do ano passado.
Já o annual recurring revenue (ARR) saiu de R$ 60 milhões em julho passado para R$ 102 milhões em março. Segundo Marcelo, só a licença do BC deve adicionar mais uns R$ 20 milhões ao ARR já que a empresa “deixa de pagar alguns pedágios.”
“Algumas transações que dependem de conexões com os sistemas do Banco Central (CIP, SPB e SPE, por exemplo) tínhamos que pagar uma taxa para um banco parceiro. Agora, passamos a nos conectar direto a esses sistemas,” disse ele.
A Celcoin opera num mercado cada vez mais competitivo, com players como a Dock, Swap e até grandes bancos (o Modal, por exemplo, lançou um vertical de infraestrutura bancária batizada de Modal as a Service).
Marcelo acredita que a diferenciação neste mercado se dá pela tecnologia, amplitude e qualidade dos serviços (já que os clientes preferem comprar todas as soluções num só lugar) e pela neutralidade.
“Construímos nossos APIs para os desenvolvedores gostarem de se integrar com a gente,” disse o fundador, que é formado em ciência da computação com doutorado em inteligência artificial. “Além disso, apostamos muito na neutralidade. Um banco pode oferecer seus serviços de forma aberta, mas ele também atende o cliente final. Ser um player neutro e 100% focado em infra é um diferencial grande, que tem impacto na qualidade.”