Numa evolução exponencial em relação ao antecessor, o Presidente Jair Bolsonaro está considerando Renato Feder como o próximo Ministro da Educação, numa escolha que colocaria um self-made man com espírito público e preocupação social no topo de um dos principais ministérios do País.
Descrever uma possível nomeação de Feder como um aceno ao Centrão ou um gesto para com a comunidade judaica — como já foi feito — é simplificar demais um nome que tem tentado construir seu caminho para ajudar a agenda da educação do País.
“O Renato é uma das pessoas mais qualificadas que eu conheço para ocupar este cargo no Brasil,” diz Luis Stuhlberger, que o conhece há quase 10 anos. “É uma pessoa brilhante, extremamente trabalhadora, voluntariosa e abnegada.”
Junto com seu amigo de infância, Alexandre Ostrowiecki, Feder é o segundo maior acionista da Multilaser, a única fabricante nacional de chips de memória. A Multilaser importa componentes de informática, monta-os em Manaus e Minas Gerais e fatura mais de R$ 2 bilhões em todo o País.
Em 2018, a Multilaser contratou bancos e chegou a protocolar seu pedido de IPO na CVM. À época, estimava-se que a companhia estrearia na Bolsa com um valor de mercado de R$ 4 bilhões.
Alexandre e Renato tomaram as rédeas da Multilaser depois da morte do pai de Alexandre, o fundador da companhia. Em poucos anos, transformaram o que era uma pequena vendedora de cartuchos reciclados para impressoras numa gigante que vende de smartwatches a tablets, de luminárias e cadeiras de escritório.
“A partir de um negócio historicamente ruim, eles criaram uma empresa muito interessante e rentável, inovando em vários aspectos,” diz um gestor que analisou a companhia à época da tentativa de IPO.
Cerca de dez anos atrás, os dois sócios começaram a buscar formas de devolver seu sucesso à sociedade. Envolveram-se na administração da Alef Peretz, uma famosa escola filantrópica da comunidade judaica em São Paulo, onde Feder foi diretor voluntário por quase 10 anos até 2018. Naquele período, criou uma filial na comunidade de Paraisópolis.
Para ganhar experiência em gestão pública, Feder tornou-se assessor voluntário da Secretaria de Educação de São Paulo na gestão Alckmin, onde ficou um ano. No final de 2018, aceitou o convite de Ratinho Jr., então recém-eleito governador do Paraná, para assumir a Secretaria de Educação do Estado.
Durante a pandemia, Feder criou o aplicativo Aula Paraná, uma forma dos alunos do estado terem aulas pela TV e pelo celular.
No livro “Carregando o Elefante: Como livrar-se das amarras que impedem os brasileiros de decolar”, escrito 15 anos atrás, Renato e Alexandre defendiam um Estado eficiente e, no capítulo dedicado à educação, a criação de um programa nacional de vouchers e medidas de desempenho de escolas e universidades.
De lá pra cá, o pensamento de ambos sobre o assunto evoluiu, e Feder já disse publicamente que defende um ensino público de qualidade. No Paraná, sua gestão sequer tocou no tema de ‘vouchers’.