O Uber — serviço facilitador de transporte individual que tem ameaçado o cartório dos táxis — fechou uma nova rodada de financiamento que avalia empresa em quase 51 bilhões de dólares.
A informação é do The Wall Street Journal, citando fontes familiarizadas com o assunto.
Nesta rodada, o Uber levantou 1 bilhão de dólares, fazendo o total captado de terceiros passar de 5 bilhões de dólares.
Os investidores desta vez incluem a Microsoft e o braço de investimentos do conglomerado de mídia indiana Bennett Coleman & Co., segundo o Journal.
Com esta rodada, o Uber já vale o mesmo que a General Motors (valor de mercado de 50,2 bilhões de dólares) e quase o mesmo que a Ford (59 bilhões de dólares), a mais clara demonstração de que tecnologias capazes de alterar desde setores da economia até nosso próprio modo de vida podem valer mais do que empresas com uma profunda base industrial e marcas globais.
Outro parâmetro: o valor de mercado de cinco grandes empresas de aluguel de carros do mundo (Hertz e Avis nos EUA; Europcar e Sixt na Europa; e a Localiza no Brasil) dá menos de 19 bilhões de dólares. Estas empresas possuem uma frota combinada de cerca de 1,2 milhão de automóveis.
Se o valor do Uber é ou não parte de uma bolha — o debate clássico sobre empresas de tecnologia — só o tempo dirá.
Em São Francisco, a cidade onde o Uber nasceu, há hoje 2 mil taxistas e 20 mil motoristas de Uber. “A cidade se tornou uma ilha de táxis cercada por Uber de todos os lados,” diz um investidor de venture capital que esteve lá recentemente. “Havia uma demanda por transporte maior do que a oferta, e o Uber resolveu isso. A tecnologia só vale se resolver um problema.”
Ao avaliar o Uber neste patamar, os investidores estão fazendo uma aposta de que as barreiras regulatórias que estão sendo levantadas contra o aplicativo vão cair com o tempo. Em quanto tempo, ninguém sabe.
Na semana passada, a cidade de Nova York quase impôs um teto ao número de motoristas que o Uber pode ter na cidade. Em vez disso, decidiu fazer um estudo sobre o impacto do Uber no trânsito de Manhattan para então decidir o que fazer. (Na briga, segundo o New York Times, o Uber atacou o prefeito Bill De Blasio como ‘o protetor dos carros amarelos’, e a Prefeitura pintou o Uber como o ‘Wal-Mart sobre rodas’, referindo-se à escala gigantesca que o aplicativo já atingiu.)
Outro risco para os investidores do Uber é a capacidade da empresa de manter seu padrão de excelência. Hoje, os motoristas do Uber são bem vestidos, oferecem água gelada e até chocolate. Mas o crescimento explosivo da empresa pode comprometer este padrão de serviço. “Aqui e ali, já começa a aparecer uma coisinha ou outra que não está tão perfeita… Eu acho que estamos no começo deste processo ainda,” diz aquele investidor. Um estudo feito pelo próprio Uber descobriu que, nos EUA, cerca de metade dos motoristas deixam de trabalhar para a empresa depois de um ano.
Assim como advento do livro digital não matou o livro em papel, o mais provável é que o Uber e os taxis possam conviver pacificamente para o bem do consumidor, que poderá escolher o custo-benefício que mais lhe interessa.