Surf’s up.
A Quiksilver está comprando a Billabong, reunindo na mesma prancha duas das maiores marcas de surfe depois de anos de queda nas vendas e tentativas de turnaround.
A fusão acontece dois anos antes do surfe estrear como esporte olímpico, o que deve ampliar o leque de patrocinadores do esporte.
A combinação cria uma empresa com US$ 2 bilhões em faturamento, 11 marcas, e 630 lojas em 28 países. A Billabong perdeu US$ 44 milhões em 2017 e só deu lucro uma vez nos últimos cinco anos.
Segundo o The Wall Street Journal, a Boardriders Inc. — sediada em Huntington Beach, Califórnia, e anteriormente conhecida como Quiksilver — vai pagar aproximadamente 400 milhões de dólares australianos (US$ 315 milhões) pela concorrente australiana. A oferta havia sido anunciada no início de dezembro, e foi aceita agora pelo conselho da Billabong.
Em 2012, a Billabong rejeitou uma oferta do TPG Capital Management de 3,50 dólares australianos/ação. A Quiksilver está pagando 1 dólar/ação.
A Quiksilver também já levou seus caldos: pediu proteção contra os credores em 2015 e saiu da crise em 2016, mudando seu nome para Boardriders um ano depois.
O WSJ nota que ambas as companhias cresceram rapidamente na década de 90 vendendo shorts de surfe, t-shirts de skate e, mais tarde, equipamento de esqui. Mas começaram a se enrolar quando o varejo de roupas esportivas esfriou, deixando as duas concorrentes com muitas lojas e poucas vendas. Além disso, novas marcas que começaram a explorar o filão de roupas atléticas, como Under Armour e Lululemon, ganharam mercado.
O casamento na praia está sendo arranjado pela Oaktree Capital Management, a gestora que controla a Quiksilver e é dona de 19% na Billabong — além de ser um dos credores da empresa.
Dave Tanner, um managing director da Oaktree que será o CEO depois da fusão, disse ao WSJ: “O rápido crescimento das décadas de 1990 e 2000 levou a uma sobreexposição. Muitas empresas foram operacionalmente indisciplinadas e assumiram muita dívida”.
Quando a Oaktree passou a controlar a Quiksilver convertendo dívida em equity, Tanner foi encarregado do ‘turnaround’: cortou custos, reduziu bastante a distribuição e tornou o desenvolvimento de produto da companhia mais rápido e econômico.
O WSJ cita o exemplo de outras marcas de streetwear que também se deram bem limitando sua distribuição: a Supreme, uma marca de skate com apenas 11 lojas e poucos lançamentos de produtos, recentemente vendeu uma participação de 50% para o Carlyle Group por quase US$ 500 milhões.
Tanner disse ao Journal que vai manter as 11 marcas e buscar sinergias nas operações de back office: finanças, distribuição e tecnologia. Ele não antecipa grandes fechamentos de lojas.
A Goldman Sachs assessorou a Billabong. SCOPE Advisors foi o principal assessor financeiro da Boardriders, que também trabalhou com o BofA Merrill Lynch, Deutsche Bank e Macquarie Capital.