No trimestre em que o trigo subiu 28%, o óleo de palma, 29%, e o açúcar, 38%, a M. Dias Branco sentiu a pressão e reportou resultados fracos.
A ação perde quase 8% no meio da tarde, cotada a R$ 22,50, enquanto o Ibovespa subia 1,6%.
O EBITDA da fabricante de massas e biscoitos – e dona de marcas como Adria, Piraquê e Vitarella – aumentou 88% na comparação anual, mas caiu 51% na comparação sequencial, ficando 34% abaixo do esperado pelo mercado.
A margem EBITDA ficou em 4,7%, dois pontos percentuais abaixo do estimado pelo Itaú e três a menos do que previa o Santander.
Segundo a M.Dias Branco, janeiro foi muito mais duro do que o esperado, o que prejudicou os volumes em 15%. A empresa disse que os números melhoraram em março – com os volumes subindo 46%, na comparação com janeiro – e indicou que os próximos resultados devem vir ‘melhores’.
O analista Rodrigo Almeida, do Santander, escreveu que a oscilação de custos foi parcialmente compensada por reajustes graduais de preço, mas as margens só melhoraram em março.
“Vejo um 2022 desafiador, especialmente porque os custos continuaram a subir desde a guerra Rússia-Ucrânia e estamos vendo interrupções na produção de trigo dos EUA e da Índia, além de novas altas do óleo de palma e do açúcar e da recente desvalorização do real,” disse o analista.
Para ele, mesmo com reajustes de preços, o potencial de expansão de margem da M Dias Branco em 2022 permanece limitado, enquanto o valuation está pouco atraente: a empresa está negociada a 13,1x EV/EBITDA 2022, com um prêmio de 9% em relação à sua média histórica de cinco anos. O Santander tem recomendação ‘underperform’ para o papel, com preço-alvo de R$ 22,50.
O Bradesco BBI disse que o EBITDA mais fraco também foi explicado pelas despesas SG&A, que ficaram acima do esperado por conta do aumento das despesas com marketing e publicidade em janeiro.
A queima de caixa da empresa no trimestre foi de R$ 635 milhões, e o índice que relaciona a dívida líquida e o EBITDA esticou de 0,2x para 1,4x.
O resultado foi afetado por uma distribuição de juros sobre capital próprio de R$ 605 milhões. Para os analistas do Itaú, a empresa ainda tem um balanço confortável.