Em mais uma prova do valor crescente dos conteúdos de esporte, a NBA acaba de vender os direitos de transmissão de suas partidas pelos próximos 11 anos por US$ 77 bilhões — aumentando significativamente a receita de uma das principais ligas esportivas do mundo.

O contrato foi assinado com a Disney, NBCUniversal e Amazon – que vão dividir o valor do investimento – e vale a partir da temporada de 2025 e 2026. 

O novo acordo aumenta em 2,5x a receita média anual que a NBA tem com seu contrato atual de direitos de transmissão.

Parte deste aumento tem a ver com o fato da liga ter criado um terceiro pacote de transmissão. No contrato atual, ela tinha um pacote vendido para a Disney, e outro para a Warner Bros. Discovery, que fazia a transmissão em seu canal TNT. 

No novo acordo, ela criou um terceiro pacote, para atrair especialmente companhias de streaming, como a Amazon.

A Disney vai pagar um fee médio de US$ 2,6 bilhões por ano, em comparação aos US$ 1,5 bi que paga no contrato atual. Já a Comcast topou pagar US$ 2,5 bilhões/ano para transmitir os jogos em seus canais da NBC e na plataforma de streaming Peacock. 

A Amazon, por sua vez, aceitou pagar US$ 1,9 bilhão por ano para transmitir os jogos em seu streaming

A Warner chegou a fazer uma proposta para renovar seu contrato, igualando o valor oferecido pela Amazon, mas a NBA optou por seguir com a plataforma de streaming, que vai transmitir os jogos no Prime Video nos EUA e em mercados como a Europa, México e o Brasil. 

“Nossa audiência tende a ser mais jovem que a da televisão, então eu acho que o acordo vai trazer uma audiência mais jovem para a NBA, que não assina a TV paga,” Mike Hopkins, o vp do Prime Video, disse ao New York Times. “Nós também devemos ter novas pessoas vindo para o Prime Video que não eram assinantes ainda.”

Além de aumentar a receita da liga, o novo acordo vai aumentar o alcance dos jogos, reforçando o branding da NBA.

Para os canais e plataformas de streaming, a transmissão dos jogos deve ajudar a reter e conquistar novos assinantes, mas também trazer uma receita importante com anunciantes, que gostam de associar suas marcas a transmissões ao vivo de esportes. 

“Não se engane: isso não é apenas um jogo pela programação ao vivo de TV. É na verdade um jogo pela publicidade das grandes marcas,” um vp de research da Forrester disse ao Times. “Com quase todas as empresas de streaming no negócio de publicidade, a batalha pelos eventos ao vivo será o próximo capítulo da guerra do streaming.”

Para a Warner, a perda do contrato é um golpe duro, já que os anúncios nos jogos da NBA contribuíram significativamente para os resultados da companhia nos últimos anos. 

A Warner disse que a NBA não reconheceu direitos contratuais da companhia em relação à temporada 2025-26 e adiante, e disse que vai tomar “as medidas apropriadas,” dando a entender que pode entrar na Justiça. 

O caminho do litígio seria arriscado.

“Mesmo se a Warner Bros ganhar um hipotético processo para conseguir a NBA de volta, ela teria que trabalhar com uma NBA irritada por ter sido processada. Essa medida também poderia afastar outras ligas de trabalhar com eles,” disse à Reuters um analista de televisão e streaming da Emarketer.

A leitura no mercado é de que as ligas de esporte estão priorizando companhias que têm condições de pagar pelos contratos de transmissão por muitos e muitos anos — o que deu uma vantagem à Amazon em relação à Warner, que está alavancada e cujo valor de mercado tem desabado na Bolsa.