O Opportunity e a Gera Capital acabam de comprar 100% da participação do Warburg Pincus no Grupo Salta, numa transação que avalia a empresa de educação básica num enterprise value de cerca de R$ 5,8 bilhões. 

Considerando que a companhia tinha uma dívida líquida de R$ 1,2 bilhão no final de setembro, o equity value da transação foi de R$ 4,6 bilhões. 

A gestora americana de private equity entrou no Grupo Salta em 2017, tendo sido o primeiro investidor institucional da companhia, que foi criada do zero pela Gera. 

De lá para cá, o EBITDA do Grupo Salta multiplicou por mais de 15x, e a receita saiu de cerca de R$ 100 milhões para quase R$ 3 bi.

O Warburg Pincus tinha 26% do capital do grupo e era o maior acionista da companhia. Henrique Muramoto, o head da gestora no Brasil, disse ao Brazil Journal que a saída tem a ver com o ciclo natural de private equity.

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 “O Grupo Salta é uma história fantástica, mas nosso mandato não permite ficar muito mais tempo. Precisamos reciclar este capital e partir para uma próxima,” disse ele. 

Com a venda, o Gera vai ficar com 23,5% do capital, o Opportunity com 18,5%, a Atmos Capital, com 17,5%, a Mission, com 11%, e o GIC, com 10%. O restante está nas mãos dos executivos que tocam a empresa, incluindo o CEO Bruno Elias. 

Apesar de estar entrando agora no cap table, o Opportunity já era um investidor indireto da companhia há anos. A gestora de Daniel Dantas, Verônica Dantas e Dorio Ferman é um dos limited partners dos fundos da Gera. 

“Sempre gostamos muito da história. É um setor muito fragmentado e que tinha um espaço muito grande para ter uma consolidação. E o Grupo Salta desde o começo mostrava que era o player com mais capacidade para fazer isso porque tem um management muito forte e um modelo de integração das aquisições que funciona muito bem,” Eduardo Azevedo, o gestor do Opportunity, disse ao Brazil Journal.

“Mesmo hoje, achamos que eles ainda estão só no começo da consolidação. Eles são o maior player do setor, mas com um share de menos de 3%.”

A mudança no grupo acionário vem num momento em que o Grupo Salta se prepara para um IPO. A companhia já tem o registro de empresa listada na B3, o que lhe exige seguir as mesmas regras de governança das empresas de capital aberto, e pretende fazer seu IPO assim que houver uma janela. 

“Não temos pressa, mas no momento certo faz todo o sentido pra gente, até para termos uma moeda de troca para transações maiores,” disse Bruno Elias, o CEO.

Desde que foi fundado, o Grupo Salta vem crescendo com uma estratégia agressiva de aquisições e abertura de novas escolas. Este ano, a empresa adquiriu a Antares, uma rede de Fortaleza com 10 escolas e 5 mil alunos, e está em negociações de outros dois M&As que devem fechar no ano que vem.

A companhia fechou o terceiro tri com 232 escolas e mais de 160 mil alunos. A receita dos nove primeiros meses do ano foi de R$ 2,1 bilhões, com um EBITDA de R$ 517 milhões, um crescimento de 27% ano contra ano. O lucro líquido foi de R$149 milhões no período. 

Já a alavancagem terminou o trimestre em 2,2x EBITDA, com a companhia reportando uma dívida líquida de R$ 1,1 bilhão. 

Para o ano que vem, o CEO disse que o plano é alocar de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões em expansão orgânica, seja greenfield ou brownfield, além de fazer novos M&As. Como cada nova escola demanda um capex de cerca de R$ 10 milhões, este montante permitiria abrir de 20 a 25 novas escolas. 

O Grupo Salta é o maior player – disparado – do mercado de educação básica, que soma mais de 9 milhões de alunos e movimenta mais de R$ 120 bilhões por ano. Com um faturamento de R$ 3 bi projetado para este ano, a companhia tem pouco mais de 2,5% de market share

Outros players relevantes são a Inspira, controlada pelo BTG e Advent, que tem cerca de 50 mil alunos; o Grupo SEB, de Chaim Zaher, que tem cerca de 30 mil; e o Grupo Raiz e a Rede Decisão, que têm entre 10 mil e 20 mil cada. 

Há ainda a Bioma Educação — o único player listado — que tem perto de 10 mil alunos e vale R$ 95 milhões na Bolsa.