Quatro executivos ‘C-level’ do Zé Delivery deixaram a empresa da Ambev para criar uma startup num nicho que está começando a ganhar competição: a entrega ‘ultra-rápida’ de produtos de supermercado.
A Nana Delivery começou a fazer entregas em Belo Horizonte há cerca de dois meses.
Os fundadores – Gustavo Fino, que era o CEO do Zé Delivery até setembro; Mariana Assis, a ex-CHRO; Lucas Montez, o ex-CPO; e Rodrigo Moreira, o ex-COO – estão criando um modelo bem parecido com o da Daki e do serviço ‘Turbo’ do Rappi, mas com uma diferença: um foco nas classes C e D, um espectro da pirâmide que, na visão dos fundadores, ainda é mal atendido pelos serviços de delivery.
“Queremos tornar a conveniência barata e acessível para todos, independente do CEP,” Gustavo disse ao Brazil Journal. “É muito comum a pessoa ter que optar entre ter conveniência ou pagar barato. Queremos dar os dois.”
A Nana instala dark stores pela cidade, compra os produtos dos fabricantes e os revende aos clientes fazendo a entrega em poucos minutos.
O segredo do modelo é que cada dark store atende apenas um pequeno raio de distância, garantindo as entregas rápidas e um bom nível de serviço.
Para colocar suas motos na rua, a Nana acaba de levantar US$ 3,6 milhões (R$ 20 milhões no câmbio de hoje) numa rodada seed coliderada pela Canary e Maya Capital.
A captação também teve a participação do Presight, uma gestora do Reino Unido que está fazendo seu primeiro investimento no Brasil.
Com o dinheiro, a Nana abriu seis dark stores em Belo Horizonte e vai abrir outras três até fevereiro, cobrindo toda a cidade.
Depois de BH, a Nana quer expandir para outras capitais, mas ainda não definiu quais.
A Nana opera com um sortimento reduzido: são apenas mil SKUs, frente aos mais de 10 mil de um supermercado tradicional.
Os ‘Faria Limers’ se decepcionarão: nada de água Perrier ou sorvete Häagen-Dazs.
“O portfólio foi minuciosamente pensado para atender às demandas das classes C e D,” disse Mariana. “São marcas mais baratas, e as mais consumidas pelo nosso público.”
Na parte das entregas, a Nana trabalha com operadores logísticos parceiros, mas os motoboys são alocados exclusivamente para a plataforma, garantindo um maior controle do nível de serviço.
A Nana tem o desafio de ganhar escala num negócio competitivo e altamente intensivo em capital. A startup precisa de dinheiro antecipado para comprar os produtos e construir suas dark stores — que, depois de prontas, ainda levam tempo para começar a ter volume e chegar no breakeven.
Não é à toa que a Daki — a primeira empresa a focar apenas no delivery ‘ultra-rápido’ mo Brasil — já levantou mais de US$ 400 milhões em menos de um ano de operação.