As vendas abaixo do esperado no primeiro trimestre derrubaram as ações da LVMH – dona de marcas emblemáticas como Louis Vuitton e Moët et Chandon – colocando a Hermès no topo do ranking das empresas de luxo mais valiosas do mundo.
As ações da LVMH caíram quase 8% em Paris hoje, com o market cap recuando para € 244 bilhões – o menor desde novembro de 2020. Em 12 meses, o tombo se aproxima de 40%.
Já a rival Hermès fechou o dia valendo € 247 bilhões, com uma ligeira alta de 2% nos últimos 12 meses.
Segundo o Financial Times, a indústria do luxo sente os efeitos do aperto no orçamento da classe média nos países ricos e da desaceleração na China.
A Hermès, cuja base de clientes está nos fieis consumidores da categoria ultra-wealthy, mantém uma estratégia de maior exclusividade e controle rigoroso no acabamento de seus produtos, como a icônica bolsa Birkin.
A LVMH reportou uma queda de 3% nas vendas, um resultado abaixo do esperado e que impactou outros papeis do setor – sobretudo em tempos de guerra comercial. As ações da Kering, dona da Gucci, caíram 5,8%, e as da Prada, 4,2%.
O ETF Lux, depois de um tombo de 10% no último mês, acumula desvalorização de 17% em 12 meses.
Cecile Cabanis, a chief financial officer da LVMH, disse na call com analistas que os “clientes aspiracionais são sempre mais vulneráveis em ciclos econômicos menos favoráveis.”
A Hermès é até o momento o papel mais ‘blindado’ dentro de um setor considerado até recentemente protegido de ciclos macro.
“A Hermès provavelmente desfruta do maior poder de precificação, devido à sua incomparável desejabilidade de marca,” Carole Madjo, uma analista do Barclays, disse ao FT .
Ainda segundo ela, ao contrário dos demais grupos de luxo, a Hermès – que possui uma única marca – tem margem mais larga e não precisará reajustar tanto os seus preços para compensar os efeitos das tarifas de Donald Trump, de 20% sobre produtos europeus.
A Hermès faturou € 15,2 bi em 2024 e fez um lucro líquido de € 4,6 bi. Já a LVMH, dona de 80 marcas, registrou faturou € 84,7 bi e lucrou € 12,6 bi.
A LVMH, de Bernard Arnault, controla quase 80 marcas e foi por alguns anos a empresa mais valiosa da Europa. No final de 2023, foi superada pela Novo Nordisk, a dinamarquesa fabricante do Ozempic. Mas a farmacêutica perdeu momento, e a alemã SAP é hoje a europeia de maior market cap – vale pouco mais de € 270 bi.
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