Esqueça a inversão da curva de juros, diz Jan Hatzius, o economista-chefe da Goldman Sachs. Ele acaba de rebaixar ainda mais a probabilidade de ocorrer uma recessão nos EUA nos próximos 12 meses.
O risco caiu de 25% para 20%, Hatzius disse em uma nota a clientes publicada hoje. Essa chance não é muito distante da média histórica de 15% das últimas décadas, com uma recessão ocorrendo a cada 7 anos.
A Goldman, que tem um dos departamentos de pesquisa mais certeiros de Wall Street, já estava na ponta otimista. O consenso de mercado ainda coloca as chances de uma recessão nos próximos 12 meses em 54% – comparado a 61% três meses atrás.
“A razão principal para reduzirmos a probabilidade é que os indicadores recentes reforçaram nossa confiança de que trazer a inflação para um nível aceitável não vai exigir uma recessão,” afirma Hatzius.
Hatzius disse que, ao contrário da maioria de seus colegas de mercado, não vê razões para ter preocupação com a inversão da curva de juros, apesar de sua ocorrência costumar antecipar com razoável precisão a retração na atividade econômica.
“Conceitualmente, a curva invertida significa que o mercado precifica cortes de taxas no futuro que são grandes o suficiente para se sobreporem ao prêmio do vencimento mais longo,” afirma o economista.
Quase sempre, houve de fato uma recessão quando isso ocorreu. Mas em sua avaliação há três particularidades a respeito da curva atual:
1. Os prêmios da curva estão bem abaixo de suas médias de longo prazo, então fica mais fácil inverter a curva;
2. É plausível que o Fed corte os juros apenas se a inflação perder força e, num cenário sem recessão, haveria apenas reduções graduais nos próximos dois ou três anos;
3. Se os economistas estiverem pessimistas demais, o mercado também pode estar pessimista demais, “então o argumento de que a curva invertida valida a previsão de consenso de que haverá uma recessão é circular, para dizer o mínimo”.
Hatzius dá como certo um aumento de 25 basis points na reunião do Fed na próxima semana, elevando a Fed Funds para a faixa entre 5,25% e 5,5%.
“Esperamos que seja a última alta do ciclo,” afirma. “Olhando para além de 2023, acreditamos que o mercado esteja antecipando cortes demais.”