O Inter reportou um primeiro trimestre ligeiramente abaixo do consenso no lucro, mas teve uma melhora em seu índice de eficiência e na inadimplência — num período em que tipicamente ela piora.
O banco digital da família Menin teve um lucro líquido de R$ 287 milhões, com um ROE de 12,9%. O consenso Bloomberg era R$ 303 milhões e um ROE de 13,1%.
No BTG, a projeção de Eduardo Rosman era ainda mais otimista: um lucro de R$ 319 milhões, com ROE de 14%.
No Itaú, Pedro Leduc acertou quase na mosca: esperava um lucro de R$ 285 milhões.
Foi também o primeiro trimestre em que o ROE do Inter caiu na comparação sequencial, depois da rentabilidade ter subido de forma consecutiva do terceiro tri de 2023 até o quarto tri do ano passado, saindo de 6% para 13,2%.
O CFO Santiago Stel disse ao Brazil Journal que o trimestre foi positivo dada a sazonalidade do setor, já que os consumidores em geral tem menos recursos disponíveis no primeiro tri por conta de gastos com o IPTU e o IPVA, por exemplo.
“Mesmo nesse cenário de menos liquidez das pessoas, mantivemos o custo de funding em 63% do CDI e melhoramos o NPL 90 dias de 4,2% para 4,1%,” disse o CFO, acrescentando que em geral o NPL sobe de 10 a 20 basis points do quarto para o primeiro tri.
“Foi o primeiro ano que melhoramos, e isso aconteceu porque temos mais fatores micro acontecendo. Estamos melhorando o processo de cobrança e a UX para que seja mais fácil para os devedores pagarem. Também estamos trazendo mais crédito dos clientes existentes, que conhecemos melhor.”
O CFO destacou ainda que a companhia segue ‘on track’ para entregar seu plano 60/30/30, de chegar a 60 milhões de clientes e a um ROE e índice de eficiência de 30%.
No trimestre, a carteira de crédito do Inter cresceu 7%, para R$ 42,6 bilhões, uma leve desaceleração em relação ao quarto tri, quando ela havia crescido 8%.
Os maiores crescimentos em termos absolutos foram nas linhas de FGTS e home equity, que cresceram 11% e 4%, respectivamente. A carteira de consumer finance (que inclui o ‘buy now, pay later’ e o pix financing), cresceu 18,8%, para R$ 820 milhões.
Outro destaque foi a entrada do banco no consignado privado.
Santiago disse que o Inter começou a operar com esse produto no final de março e que, em 10 dias, já originou uma carteira de quase R$ 200 milhões. Com a melhora do mix da carteira de crédito — com produtos mais rentáveis — e um repricing das carteiras antigas com um juros maior, o Inter cresceu sua margem líquida financeira (o NIM) em mais um trimestre.
O NIM (excluindo a carteira de cartão de crédito à vista) subiu de 7,6% no quarto tri para 7,7% agora.
Já o índice de eficiência melhorou 130 basis points, de 50,1% para 48,8%. No trimestre, o Inter manteve sua receita líquida flat na comparação com o quarto tri, ao mesmo tempo em que reduziu suas despesas administrativas em 1%.
Essa redução veio de um enxugamento do quadro de pessoal, que diminuiu em cerca de 200 pessoas, e de ganhos de eficiência no Interpag, a operação de adquirência que o Inter incorporou há dois trimestres.
No trimestre, o Inter aumentou em 1 milhão seus clientes ativos, para 21,9 milhões. Os clientes totais subiram para 37,9 milhões.
O papel fechou sexta-feira com o banco valendo US$ 3,12 bilhões na Bolsa; a ação sobe 32% nos últimos 12 meses.
O Inter negocia a 1,4x book e 10x o lucro estimado para este ano.