Felipe Bandeira, hoje com 23 anos, cresceu na periferia de Olinda, criado pela mãe e pela avó. Com ajuda de uma bolsa, muito esforço e apoio familiar, estudou em um colégio privado e chegou à universidade federal, um destino bem diferente da maioria dos vizinhos com quem brincava na infância.
Incomodado com a rotina de mazelas em seu bairro — castigado por enchentes, pela violência e ausência do setor público — desde cedo Felipe envolveu-se em projetos sociais, arrecadando livros ou donativos.
Na Federal de Pernambuco, estudou por algum tempo engenharia de energias renováveis. Mas sua vocação para projetos sociais o manteve envolvido em iniciativas na área, como uma parceria da UFPE com a Apple no desenvolvimento de aplicativos. Na pandemia, liderou uma ONG de ações emergenciais.
A engenharia já ficou de lado. Felipe deixou o curso depois de ter sido admitido, há dois anos, na Minerva University, considerada uma das universidades mais inovadoras do mundo. O programa prevê que os estudantes passem cada semestre em um país diferente para que seus alunos conheçam de perto outras realidades.
No processo de admissão, o estudante teve a ajuda da rede de mentoria da BRASA (Brazilian Student Association), a maior associação de estudantes brasileiros no exterior, com mais de 9.000 integrantes.
Felipe é hoje também um bolsista da entidade, com o apoio da Poatek, a empresa de TI na qual está fazendo estágio. Estuda computação e economia. Seu objetivo: aplicar os recursos da inteligência artificial em ações de grande impacto social.
“Fico imaginando várias possibilidades,” diz Felipe. “Pense, por exemplo, usar um recurso como o do ChatGPT para ser o tutor de uma criança com dificuldades no aprendizado.”
Fundada em 2014, a BRASA tem associados e representantes que já passaram por mais de 90 universidades em praticamente todos os continentes.
Muitos recebem apoio financeiro. Mas não menos relevante, como foi na história de Felipe, é o trabalho de mentoria feito pelos associados. Os veteranos ajudam a preparar os pretendentes ao ingresso em uma faculdade estrangeira, seja na graduação como nos cursos de pós.
Por meio de conferências periódicas, no exterior ou no Brasil, a BRASA incentiva a troca de experiências entre os estudantes e a aproximação com as empresas. O próximo encontro ocorrerá neste sábado (15 de julho), no campus da Inteli, em São Paulo. É o BRASA em Casa.
A programação terá painéis sobre tecnologia e empreendedorismo. Haverá também uma feira de carreiras em que empresas que apoiam a instituição apresentarão oportunidades de empregos e estágios.
Na reunião, serão também entrevistados e escolhidos os futuros bolsistas da associação. Serão selecionados ao menos oito estudantes.
Desde 2019, já foram oferecidas 38 bolsas. Nas histórias dos alunos apoiados pela entidade, um traço comum é o envolvimento em projetos sociais. A associação também criou um programa específico para pessoas pretas e pardas, buscando ampliar a diversidade de sua rede.
“Desde o início das mentorias, já ajudamos mais de 900 alunos a ingressar em um curso no exterior,” diz Gabriel Lanzaro, o chief operating officer da associação. “Em 2022, a taxa de aprovação ficou ao redor de 80%.”