Quem diria.
O déficit orçamentário dos EUA é hoje maior que o da Itália, o país com uma das situações fiscais mais frágeis entre as nações do euro.
Sem uma correção de rota, os gastos dos EUA com os juros da dívida deverão ser maiores do que os da Itália nos próximos anos – e, em breve, o endividamento do governo americano atingirá 140% do PIB, um nível similar ao italiano.
“Se os EUA mantiverem a trajetória fiscal projetada pelo CBO (Congressional Budget Office), são crescentes as chances de o país ser rebaixado ainda neste ano,” o economista-chefe da Apollo Global Management, Torsten Sløk, disse no blog da gestora.
Segundo Sløk, apesar das semelhanças, os EUA são considerados um país ‘AAA’, enquanto a Itália tem nota ‘BBB’.
Na verdade, entre as três principais agências de rating, os EUA ainda possuem o ‘AAA’ apenas pela Moody’s, que em novembro manteve o país com a nota máxima mas colou um viés de baixa na avaliação. Em agosto, a Fitch rebaixou os EUA de ‘AAA’ para ‘AA+’.
A Standard & Poor’s foi a primeira agência a tirar o ‘AAA’ do governo americano, em 2011. O downgrade ocorreu em meio ao impasse no Congresso para aprovar a elevação do teto da dívida. Desde então, o país tem rating ‘AA+’ na agência.
O rombo fiscal americano superou 8% do PIB em 2023 e deverá se manter ao redor de 7% nos próximos anos, indicam as projeções do FMI. Na Itália, o déficit está em ligeiro declínio e deverá recuar para menos de 3% do PIB dentro de cinco anos.
Segundo os números do FMI, a dívida pública americana equivalia a 65% do PIB há 20 anos. Hoje ela está ao redor de 120% do PIB, e em até cinco anos estará em 138%. Já a dívida pública da Itália está em 144% do PIB.