O modelo de investimento clássico ficou “ultrapassado”, e os investidores cada vez mais têm que buscar ativos como private equity e crédito privado.

A análise é de Marc Rowan, o CEO da Apollo Global Management, em entrevista à CNBC.

Na opinião de Rowan, as Bolsas dos EUA estão cada vez mais dominadas pelo investimento passivo e concentrado em algumas poucas empresas – as mega caps de tecnologia. Por isso os investidores que querem diversificação têm que buscar alternativas, alocando recursos nas empresas de capital fechado, um mercado em franca expansão.

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“Acho que [o investimento convencional] é algo que está ‘ultrapassado’ [broken]”, disse ele. “Há 40 anos, tínhamos essa noção de que o mercado fechado era arriscado, e que o listado era seguro. E se isso for fundamentalmente errado?”

Rowan afirmou que a abordagem convencional de investimento – especialmente o portfólio clássico de ações e títulos de 60%-40% – ficou ultrapassada devido ao aumento das correlações entre as classes de ativos e à dependência excessiva de investimentos passivos.

O executivo lembrou que o número de empresas listadas no mercado americano caiu de aproximadamente 8.000 nos anos 90 para cerca de 4.000 hoje.

“Quando compramos o S&P 500, compramos de fato o índice 500?” indagou. “Dez ações agora representam 40% do índice. Perdemos a capacidade de investir de uma forma que reflita a força do mercado americano ou, francamente, a força de qualquer mercado.”

Para o CEO da Apollo, o investimento em bonds privados de companhias de capital fechado podem ser tão seguros ou arriscados como as ações – a única diferença é a liquidez.

Rowan disse que os investidores de varejo podem agora ter exposição a aplicações alternativas que antes eram acessíveis apenas a investidores institucionais e high-net-worth individuals.

Uma mudança essencial que permitiu essa transformação, afirmou, foi a nova regulamentação que surgiu após a crise financeira de 2008. Foram criadas restrições para o crédito bancário, incentivando o desenvolvimento do mercado de títulos privados.

Juntas, a Apollo e duas outras gigantes do private equity (a Blackstone e a KKR) já possuem US$ 2,6 trilhões sob gestão, diz a CNBC. São as gestoras líderes em investimentos alternativos.

A Apollo tinha um portfólio de ‘apenas’ US$ 40 bilhões em 2008. Hoje, sua carteira soma US$ 840 bilhões.

“Gostaria de atribuir isso à boa gestão, mas não seria verdade,” disse Rowan. “A resposta é que existem fatores fundamentais que estão remodelando e expandindo os mercados privados.”

Hoje, empresas como AirFrance, AB InBev, Intel e AT&T recorrem à Apollo para estruturar empréstimos em vez de fazer as operações com os bancos tradicionais de Wall Street.

Para Rowan, investidores e empresas estão apenas começando a perceber o tamanho potencial desse mercado alternativo.

Segundo ele, é um mercado potencial de US$ 40 trilhões. “Hoje a grande maioria do que fazemos é grau de investimento,” disse.

Rowan disse ainda que o surgimento de novos fundos, formadores de mercado e produtos de ETFs vão proporcionar níveis crescentes de liquidez à medida que esse mercado amadurece. No entanto, ele disse que algum nível de iliquidez é importante para a obtenção de retornos mais elevados.

“Se você trabalha com a Apollo hoje e quer ter 100% de grau de investimento privado, a cada 30 dias você pode sacar 100% do seu dinheiro”, disse ele. “Mas se você não tem capacidade para suportar 30 dias de iliquidez, não deveria estar em mercados privados.”