O Nubank anunciou agora à noite que Youssef Lahrech, o presidente e COO do banco, está deixando o cargo depois de quase seis anos.

A saída – a segunda de um executivo sênior do Nubank em menos de dois meses – gerou dúvidas entre investidores sobre o turnover na C-suite do banco roxo. 

Youssef, um ex-executivo do Capital One, ajudou a desenhar a política de crédito do Nubank – o coração do negócio. Em março, o banco já havia anunciado a partida de Jag Duggal, o chief product officer.

O fundador David Vélez disse ao Brazil Journal agora à noite que nada muda com a política de crédito do Nubank com a saída de Youssef, que continuará como um “observador permanente” do comitê de auditoria e risco.

David Vélez

Depois da saída do Jag Duggal e agora do Youssef, as pessoas estão tentando entender o que este turnover significa – e se isso significa que, como o Brian Chesky, do AirBnB, você entrou no “founder mode” e vai ter um papel mais ativo no dia a dia.

O Youssef e o Jag entraram há quase seis anos, quando precisávamos de muito apoio na gestão. Éramos uma startup que cresceu muito rapidamente, e eu precisei de muita ajuda na parte de gerenciamento e de expertise de crédito.

Seis anos depois, somos uma empresa diferente, que está entrando num novo ciclo. 

Mas tem sim um certo ‘founder mode’. Acho que podemos agilizar e aumentar a velocidade do negócio – e com a internacionalização que estamos planejando acho que vamos precisar de muito foco e energia.

Com a saída do Youssef eu vou passar a ter 15 direct reports, em comparação aos 8 que eu tinha antes. Então vou entrar sim mais diretamente na operação. 

Você vai acumular essas funções que eram do Youssef temporariamente ou é algo definitivo?

Por enquanto vou ficar com todas as obrigações dele. No futuro, pode ser que a gente tenha contratações mais sêniores em produtos globais…

A saída do Youssef, que foi quem desenhou a política de crédito de vocês, muda algo na forma como vocês vão dar crédito? 

Não muda nada. Temos outros executivos que vieram dos maiores bancos brasileiros e internacionais — a Lívia Chanes, CEO do Nubank Brasil que veio do Itaú; a Emília Lopez, que lidera cartões e veio do JP Morgan e do Capital One; a Jéssica Paul, que lidera lending e também veio do Capital One. Temos muita expertise de crédito, e não é só de uma pessoa. É de uma equipe. 

Essa parte está muito robusta hoje. Temos uma estrutura de first layer, second layer e third layer

Tem o pessoal que opera o modelo de crédito, e depois deles tem uma camada adicional de defesa: são pessoas que ficam checando as decisões da primeira linha e garantindo que a primeira linha não vá rápido demais. E tem ainda a terceira camada, que está checando as decisões da segunda camada. 

O Youssef também não está saindo da companhia. Ele vai continuar como um observador do comitê de auditoria e risco e vai continuar agregando muito valor na parte de crédito.

Quando você diz ver oportunidade de acelerar o negócio, você está falando de acelerar na operação do Brasil ou com a internacionalização?

Acho que tem oportunidade nas duas áreas, na empresa toda. 

Tem uma grande oportunidade de continuar o crescimento acelerado no México e Colômbia e continuar essa trajetória de virar o banco digital completo no Brasil, desenvolvendo mais produtos e conquistando a principalidade dos clientes. 

Mas também tem a oportunidade enorme da internacionalização.