A 23S Capital — a gestora criada pela Temasek e Votorantim — comprou 10% do capital da Vitru, numa aposta de que a companhia será capaz de consolidar o mercado de ensino à distância.
A Vitru já é a líder no Brasil no mercado de EAD, operando com as marcas Uniasselvi e UniCesumar.
Dos 900 mil alunos da Vitru, 880 mil estão no EAD e apenas 20 mil no presencial (em cursos como medicina, odontologia e diretoria, que o MEC obriga que sejam presenciais). Em termos de receita, o EAD responde por 80% do top line.
A 23S comprou mais da metade da posição da Vinci Partners, que até agora tinha 17,3% do capital, segundo uma fonte a par do assunto. O restante foi adquirido de um investidor que não estava entre os maiores acionistas.
No preço de tela, o investimento é equivalente a cerca de US$ 50 milhões, ou R$ 250 milhões.
Com a compra, a 23S deve assumir um dos dois assentos do conselho que eram ocupados pela Vinci — uma mudança que ainda precisará ser aprovada em uma AGE a ser convocada pela empresa.
A Vitru passa a ser a segunda posição do fundo de R$ 3,6 bilhões que a 23S levantou em agosto do ano passado; o investimento anterior foi na Ademicon. A Vitru já vinha mantendo conversas com a Temasek desde o ano passado, antes da criação da 23S.
Matheus Villares, o CEO da 23S, disse que além da posição de liderança num segmento de alto crescimento, “a Vitru tem diversos diferenciais competitivos que contribuíram para o investimento: qualidade do ensino e do time, infraestrutura robusta dos polos, geração de caixa, além do foco no ensino digital híbrido a distância.”
A gestora lembrou que o número total de alunos de graduação de EAD no mercado privado mais que dobrou entre 2016 e 2021, de 1,4 milhão para 3,5 milhões. Nesse período, “a Vitru cresceu mais que o mercado, alcançando a liderança em número de alunos,” disse a 23S.
O investimento vem num momento em que a Vitru se prepara para migrar sua listagem da Nasdaq para a B3 — num movimento que pode ajudar a aumentar a liquidez do papel e atrair novos investidores.
A companhia também tem avaliado um follow-on para acelerar seu processo de desalavancagem. Numa entrevista recente ao Brazil Journal, o CFO Carlos Freitas disse que a empresa não tem necessidade de fazer uma oferta e conseguiria conviver com a dívida, mas que pode fazer esse movimento se houver uma janela de oportunidade.
A alavancagem fechou o segundo trimestre em 3,3x, em comparação aos 3,9x do tri anterior e 5,1x de dezembro. A estimativa da Vitru é que ela caia para 3x em dezembro, e continue reduzindo ao longo do ano que vem.
A Vitru negocia hoje a cerca de 7x EV/EBITDA, em linha com empresas como a Cogna e Yduqs, mas com um prêmio em relação a Ser.
A companhia vale US$ 530 milhões na Nasdaq.
Os maiores acionistas da Vitru são a SPX Carlyle, com 18,5%, a Compass, uma gestora chilena que tem 16,9% do capital; as famílias que eram donas da UniCesumar, com 16,6%; a gestora americana Neuberger Berman, com 12,9%, e a Crescera Capital, com 11,4%.