A Ânima Educação nomeou Paula Harraca como sua nova CEO, confiando a tarefa de retomar sua agenda de crescimento a uma executiva com ampla experiência de gestão.
Paula já era conselheira da Ânima desde o ano passado e vai substituir Marcelo Battistella Bueno, um dos sócios-fundadores da empresa que estava no cargo há quase seis anos.
A executiva trabalhou mais de 20 anos na ArcelorMittal, onde entrou como trainee na Argentina, seu país natal. Ela passou por diversos cargos de gestão na multinacional de aço, até ser promovida a chief future officer, uma posição responsável pelos novos negócios e inovação.
Ela deixou o cargo em março do ano passado e passou o último ano como conselheira, dando palestras e escrevendo seu primeiro livro, O Poder Transformador do ESG.
A contratação vem num momento de virada de ciclo para a Ânima — que depois de focar os últimos anos na integração da Laureate e na desalavancagem de seu balanço, quer retomar uma agenda de crescimento.
“Eu só peguei pancadaria e vento contra na minha gestão: crise do FIES, pandemia, integração da Laureate, juros saindo de 2% para 14%, e a agenda de desalavancagem orgânica,” Marcelo disse ao Brazil Journal.
“Mas agora a empresa está pronta para voltar a crescer o top line.”
Segundo ele, a Ânima praticamente concluiu sua agenda de desalavancagem orgânica, com o fechamento de dezenas de unidades, a demissão de centenas de pessoas e o enxugamento da estrutura.
No fim do ano passado, a companhia conseguiu reduzir sua alavancagem para menos de 3,5x, cumprindo os covenants da dívida. No primeiro tri deste ano, a alavancagem caiu ainda mais, para 2,98x.
A empresa ainda está trabalhando, no entanto, na agenda de desalavancagem inorgânica, com a venda de ativos.
Nos últimos meses, a companhia vem trabalhando na venda da Universidade São Judas, que o mercado estima que possa sair por cerca de R$ 1 bilhão. Marcelo disse, no entanto, que a companhia está avaliando vários caminhos diferentes.
“Tem várias alternativas na mesa, vários caminhos que estamos analisando. E só podemos fazer isso agora porque a companhia está bem, com uma boa geração de caixa,” disse ele.
Com a entrada de Paula como CEO, Marcelo — um dos sócios-fundadores da Ânima — disse que nos próximos meses vai dedicar toda sua energia à transição e à agenda de desalavancagem inorgânica.
Nascida em Rosário, a cidade de Lionel Messi, Paula se mudou para o Brasil há 13 anos, depois de ter passado por outros quatro países. Pela ArcelorMittal, ela morou na Espanha, Luxemburgo, Canadá e Trinidad e Tobago.
Antes de entrar na companhia, ela chegou perto de seguir uma carreira no esporte. Na juventude, foi goleira de hockey na grama da seleção júnior da Argentina. Diversas lesões no braço acabaram tirando ela do caminho do esporte — e levando-a ao mundo corporativo.
“Mas descobri que existe um atletismo corporativo que é incrível, com trabalho em equipe, vitórias, fracassos… Vejo uma analogia muito grande dos negócios com o esporte,” disse ela.
Além da agenda de crescimento, Paula disse que vê muitas oportunidades de ganho de eficiência na Ânima. “Gosto muito do poder do simples. Às vezes tem 20% de ajustes que criam 80% de impacto. E vejo muito disso na Ânima. De simplificar as coisas, gerar eficiências, trazer esse lado mais estruturado num momento em que a empresa está cheia de ideias,” disse ela.
Paula será a primeira CEO da Ânima que não faz parte do grupo de sócios-fundadores da companhia. Antes de Marcelo, o CEO foi Daniel Castanho, hoje o chairman da empresa.
Paula também será uma das poucas mulheres no cargo de CEO.
Segundo um levantamento feito pela Ânima, das 218 empresas que fazem parte do Novo Mercado e do Nível 2 de Governança da B3, apenas 7 têm CEOs mulheres: o Banco do Brasil, Iguatemi, Fleury, Espaçolaser, BanPará, Monteiro Aranha e Menezes Cortes.