Na maior transação de sua história, a Nvidia estaria pagando US$ 20 bilhões por um acordo de acesso à tecnologia da startup Groq – uma desenvolvedora de chips avançados que concorre diretamente com a Big Tech em algumas áreas do mercado de processadores de inteligência artificial.
A transação foi inicialmente noticiada pela CNBC, na véspera de Natal, como uma aquisição. A Groq depois publicou uma nota afirmando que se trata de um “acordo não-exclusivo de licenciamento” de tecnologia – e não menciona nenhum detalhe sobre os valores do negócio.
A Groq (não confundir com o Grok, o bot de inteligência artificial de Elon Musk) projeta processadores que aprimoram a inferência – a análise das perguntas e a entrega de respostas. Esses chips podem ser mais eficientes do que os da Nvidia em algumas tarefas específicas, sobretudo em aplicações de tempo real.

A Nvidia está levando também o “cérebro” da startup.
Como afirmou o press release, Jonathan Ross, o fundador da Groq, Sunny Madra, o presidente da empresa, e “outros integrantes da equipe” vão se juntar à Nvidia para ajudar a desenvolver e expandir a tecnologia licenciada.
A startup, de acordo com a nota, continuará operando como uma empresa independente. Simon Edwards assumirá o cargo de CEO. A GroqCloud, o seu serviço de nuvem, não entrou na transação.
Em um comunicado interno, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, disse que sua empresa vai “integrar os processadores de baixa latência da Groq à arquitetura Nvidia AI Factory, ampliando a plataforma para atender a uma gama ainda maior de cargas de trabalho de inferência de IA e em tempo real.”
Huang disse ainda que, “embora estejamos adicionando funcionários talentosos às nossas fileiras e licenciando a propriedade intelectual, não estamos adquirindo a Groq como empresa.”
É um negócio bastante atípico, como vêm notando os analistas – e deve ter sido estruturado dessa maneira para driblar possíveis obstáculos das autoridades antitruste.
Segundo a CNBC, a Nvidia já havia feito um acordo semelhante, mas em menor escala, quando desembolsou US$ 900 milhões para contratar o CEO da Enfabrica, Rochan Sankar, e outros funcionários da startup de hardware de AI, além de licenciar a tecnologia da empresa.
A Groq foi fundada em 2016 por Ross e outros engenheiros que trabalharam no Google e contribuíram no desenvolvimento das TPUs (tensor processing units), os chips proprietários de AI do Google. Na nova empresa, criaram as LPUs (language processing units).
A Nvidia lidera o mercado de chips avançados pelo seu domínio na tecnologia das GPUs (graphics processing units), os processadores que se demonstraram mais adequados para desenvolver e treinar os grandes modelos de linguagem (LLMs). A Big Tech controla cerca de 90% desse mercado.
Com as LPUs da Groq, a Nvidia poderá oferecer aos clientes um portfólio ainda mais completo de soluções integradas, incluindo hardware, software e serviços de nuvem. Com a ‘aquisição que não é aquisição’, ela se fortalece para o que é visto como a próxima fase de expansão do mercado de AI, mais concentrado em inferência do que no treinamento de modelos.
Empresa mais valiosa do mundo e grande vencedora na corrida da AI até agora, a Nvidia tem US$ 60 bilhões em caixa – dinheiro de sobra que possibilitou que ela pagasse estimados US$ 20 bilhões pelo “acordo de licenciamento não-exclusivo” com a Groq, uma startup avaliada em US$ 6,9 bilhões em uma captação feita em setembro.
Segundo a CNBC, o valor de US$ 20 bi foi confirmado por Alex Davis, o CEO da Disruptive, que liderou a última rodada da Groq. A rodada incluiu ainda nomes como Blackrock e Neuberger Berman, além de Samsung, Cisco e a 1789 Capital, que tem Donald Trump Jr. entre seus sócios.











