Dilma RousseffNuma frase atribuída a Churchill, o primeiro-ministro inglês teria dito que “se você colocar dois economistas em uma sala, você terá duas opiniões diferentes, a menos que um deles seja Lord Keynes, porque aí você terá três opiniões.”

Mas desse manifesto, nem Keynes discordaria.

Um grupo de 164 professores de Economia, ligados a universidades no Brasil e no exterior, acaba de publicar um manifesto para desconstruir “inúmeros argumentos falaciosos ventilados na campanha eleitoral.”

De acordo com os professores, a maioria PhDs, “não há, no momento, uma crise internacional generalizada.” Como se sabe, a Presidente Dilma Rousseff aponta a existência de uma “grave crise internacional” para justificar o crescimento do PIB próximo de zero este ano.

“Alguns de nossos pares na América Latina … estão em franca expansão econômica. Projeta-se, por exemplo, que a Colômbia cresça 4,8% em 2014, com inflação de 2,8%. Já a economia peruana deve crescer 3,6%, com inflação de 3,2%. O México deve crescer 2,4%, com inflação de 3,9%. No Brasil, teremos crescimento próximo de zero com a inflação próxima de 6,5%.”

Os professores dizem que, entre as 38 economias com estatísticas de crescimento do PIB disponíveis no site da OCDE, apenas Brasil, Argentina, Islândia e Itália encontram-se em recessão. “Como todos os países fazem parte da mesma economia global, não pode haver crise internacional generalizada apenas para alguns,” diz o manifesto. “É emblemático que, dentre os países da América do Sul, apenas Argentina e Venezuela devem crescer menos que o Brasil em 2014.”

Os economistas também dizem que “a semente do desemprego está plantada” e, com isso, “os avanços sociais obtidos com muito sacrifício ao longo das últimas décadas estão em risco.”

Os economistas dizem que “o atual governo tenta se eximir de qualquer responsabilidade pelo nosso desempenho econômico pífio e culpa a crise internacional,” mas que a explicação é outra: as políticas econômicas equivocadas do atual governo.

Há, entre os signatários, seis professores da Unicamp, cuja escola de economia é mais associada a políticas econômicas heterodoxas. Em outras palavras, até em escolas que não rezam pela cartilha da Universidade de Chicago — o altar da ortodoxia — se faz, hoje, uma crítica à política econômica atual.

A íntegra do documento está aqui.