A Tigre — conhecida por seus tubos e conexões — comprou o controle da Fabrimar, a terceira maior fabricante de metais sanitários do País, com sede no Rio de Janeiro, inserindo-se num mercado hoje dominado pela Deca, marca da Duratex.
O valor da transação, que está sujeita à aprovação do CADE, não foi revelado. A Tigre fatura R$ 3,4 bilhões/ano; a Fabrimar, R$150 milhões.
O acordo envolveu um desenho de governança delicado, que prevê tanto a capitalização da Fabrimar quanto a permanência da família Martins no dia-a-dia das operações. O CEO da Tigre, Otto von Sothen, disse num comunicado que o negócio “cria para a Tigre uma visão de futuro mais ampla no mercado de construção civil”.
Fundadora da Fabrimar e sua controladora até agora, a família Martins esteve envolvida em grande parte do processo de industrialização brasileiro, com investimentos como a White Martins e a fábrica de tecidos Nova América. Há anos, a família recebia e recusava ofertas de compra. O nó só foi desfeito depois da aproximação de Felipe Hansen, presidente do conselho da Tigre, com os irmãos Douglas e David Martins. As histórias das famílias empresárias e a visão empreendedora da Tigre desfizeram as resistências, disse uma fonte que conhece os Martins há anos.
Fundada em 1962, a Fabrimar nasceu da engenhosidade do patriarca Fausto Martins, um engenheiro pelo MIT que calculava a vazão da água numa planilha Lotus 1-2-3 e testava seus produtos de irrigação nas fazendas de Olacyr de Moares em uma época em que computadores ainda eram raros.
A transação, que promete gerar sinergias operacionais e comerciais, vem no momento em que a Fabrimar concluiu um processo de profissionalização e um ’turnaround’ que aumentou sua eficiência, reduzindo e alongando seu endividamento bancário.
Primeiro, a família montou um conselho de administração recrutando profissionais de mercado. Esse processo foi liderado por Paulo Novis, ex-CEO da Infoglobo, que inicialmente integrou o conselho e depois assessorou na criação do Conselho de Família da empresa.
Por sugestão de Novis, há um ano a família Martins contratou a Alexander Corporate Finance, uma consultoria de estratégia para empresas em momentos de transição fundada por Stefan Alexander, o ex-banqueiro do BankofAmerica e ex-CFO da Globopar.
Alexander fez um diagnóstico das atividades financeiras e operacionais da Fabrimar e recomendou mudanças. Para coordenar este processo, os Martins contrataram a Phares Consultancy de André Balbi, ex-CEO da Rexam nas Américas e da Forjas Taurus, que montou um time de especialistas.
Flavio Sinischalchi, da Comatrix, uma consultoria na área de gestão, ficou encarregado do dia-a-dia da empresa; a parte de ‘procurement’ e custos ficou com a Procurement Garage, de Paulo Esteves, ex-chief procurement officer da InBev; enquanto a CBC Business Solutions, do veterano Carlos Braghin, redesenhou os processos de engenharia.