A BR Properties, que anunciou hoje a venda de 10 imóveis para o fundo americano Blackstone, não deve parar por aqui.
A empresa está negociando com pelo menos mais dois compradores a venda de outras partes de seu portfólio.
No mercado, a venda de hoje — que levantou 1,06 bilhão de reais — foi vista como uma estratégia de defesa por parte do management da BR Properties depois que o BTG Pactual, seu maior acionista, chacoalhou o mercado com uma proposta de compra que previa a desmontagem completa da empresa e a venda das partes. Na Bovespa, a BR Properties vale 3,3 bilhões de reais. A empresa tem uma dívida líquida de 3,9 bilhões de reais.
Com operações como a de hoje, os executivos da BR Properties diminuem a atratividade da empresa para um possível comprador e conduzem, eles mesmos, o desmanche do portfólio — provavelmente retendo as joias da coroa para que a empresa possa recomeçar com uma boa base quando o atual ciclo de baixa chegar ao fim.
A BR Properties não divulgou o múltiplo que o Blackstone pagou pelos imóveis, mas disse que a transação foi feita a “um pequeno desconto em relação ao NAV” (o valor de seus ativos menos a dívida). A empresa disse que seu conselho vai decidir sobre a destinação dos recursos. Alguma coisa vai para a amortização de dívidas, mas o CEO Claudio Bruni disse que “não é uma boa hora para pagar a dívida indexada à TR [que é uma dívida barata] e nem para pagar a parte de nossa dívida indexada ao dólar [dado o nível do câmbio].”
Para o Blackstone, esta é a segunda compra de um portfólio relevante no Brasil em menos de um ano. Desde fevereiro, os investimentos do Blackstone no País são comandados por Marcelo Fedak, um banker que já trabalhou na Goldman e no Credit Suisse e que era, até o ano passado, o chefe da área de ativos imobiliários do BTG.
Em setembro do ano passado, antes da chegada de Fedak, o Blackstone pagou 700 milhões de reais por quatro prédios de escritórios no Rio de Janeiro. Os imóveis pertenciam a um fundo gerido pelo Opportunity.