A Intermédica planeja uma oferta primária de cerca de R$ 3,3 bi para recompor o caixa após a aquisição da Clinipam, fontes próximas à companhia disseram ao Brazil Journal

A Bain Capital – que hoje tem 27,5% da Intermédica – ainda está estudando se venderá mais uma fatia na operação, que deve acontecer no início de dezembro. 

Itaú BBA, JP Morgan, Citigroup e Bradesco BBI, que deram um empréstimo-ponte de R$ 2,5 bilhões à companhia, devem estar entre os coordenadores da oferta.

Este será o terceiro follow-on da Intermédica desde o IPO realizado em abril de 2018, mas é o que terá o maior componente primário (recursos que vão para a própria companhia, e não para acionistas vendedores). 

Em dezembro de 2018, a Bain já reduziu sua participação de 60% para 40% numa oferta que também levantou R$ 300 milhões para o caixa da Intermédica. Em abril deste ano, voltou ao mercado para vender pouco mais de 10%, numa operação integralmente secundária. 

Os recursos da nova oferta vão reduzir o endividamento da Intermédica, que deve sair de 0,8x EBITDA para 2,7 vezes após a aquisição da Clinipam, cujo preço foi salgado.

Bem salgado.

Em meio a ofertas concorrentes da Axa e da Hapvida, a Clinipam – líder na região Sul e com forte presença em Curitiba e norte de Santa Catarina – custou à Intermédica 26 vezes o EBITDA de 2019. 

É o múltiplo no qual a própria Intermédica, cujas ações mais que triplicaram desde o IPO, negocia na Bolsa. 

Em outra métrica: a Intermédica pagou R$ 7,8 mil por cada uma das 333 mil vidas da Clinipam. Para efeito de comparação, a Hapvida pagou R$ 6,3 mil por vida na compra do Grupo São Francisco, que também enfrentou forte concorrência (considerando apenas as vidas de planos de saúde e sem contar os planos odontológicos, onde o SF já é forte). 

Desde o IPO, a Intermédica vem gerando valor por meio das aquisições – mas a compra da Clinipam vai colocar sua capacidade de alocação de capital à prova. 

“Eles podem vender mais planos odontológicos, verticalizar um pouco mais a empresa e aumentar um pouco o tíquete médio da Clinipam”, diz o analista de uma gestora que acompanha o setor. “Precisam fazer tudo isso muito bem para justificar esse valor”. 

A Hapvida inaugurou recentemente um hospital em Joinville, uma das principais praças da Clinipam, e quer se expandir na região – que será a primeira em que a Intermédica vai concorrer diretamente com a operadora da família Pinheiro. 

Além disso, quase 50% da base da Clinipam é formada por beneficiários de planos individuais, um segmento no qual a Intermédica apenas engatinha após a compra da GreenLine. 

“Os players verticais têm as ferramentas para navegar no território dos planos individuais, mas a Intermédica ainda não está totalmente confortável nesta área”, disse a equipe do BTG Pactual em relatório.