David Einhorn decidiu olhar para o primo mais pobre das redes sociais.
O gestor da Greenlight Capital, que tem mais de US$ 9 bilhões sob gestão, montou uma ‘pequena posição’ nas ações do Twitter no fim de 2017.
“Apesar de uma base de usuários massiva e um alcance amplo, o Twitter [vale] apenas 2% do Facebook”, Einhorn escreveu na carta trimestral aos cotistas.
Depois de anos patinando, em 2017 o Twitter conseguiu aumentar o engajamento dos usuários e sinalizou que deve fechar o quarto trimestre no azul pela primeira vez na história. As ações subiram 40% no ano passado.
Einhorn comprou as ações por um preço médio de US$ 21,59 e hoje, elas negociam ao redor de US$ 24. Ele acha que há espaço para mais. “Acreditamos que o Twitter vai ter um pitch melhor para os anunciantes em 2018, o que deve levar a um crescimento da receita”, argumenta. “Esperamos que o Twitter comece a fechar uma parte do ‘gap’ de 25% de margem versus seus pares de redes sociais.”
A Greenlight também voltou a comprar ações da Time Warner quando as elas despencaram após o governo americano sinalizar que pode vetar a venda para a AT&T. Einhorn aposta que a venda deve sair, apesar dos desafios judiciais, mas, para ele, no preço atual a empresa é um bom investimento com ou sem fusão.
Einhorn gasta apenas dois parágrafos falando de Twitter e Time Warner. No resto da carta, ele faz um grande mea culpa pelo desempenho pífio da Greenlight ano passado: um retorno de apenas 1,6%, contra 21,8% do S&P 500.
“Tivemos um resultado inexpressivo num período em que a maioria se saiu muito melhor. Isso deve ser frustrante para vocês, nossos sócios. E certamente é frustrante para nós.”
Enquanto a Bolsa americana bate recordes, Einhorn está na turma que acredita que a euforia está gerando bolhas pontuais, especialmente nas empresas de tecnologia. Ele é um dos shorts mais veementes em Amazon, Netflix e Tesla — que apelidou na carta de ‘bubble basket’ (a ‘cesta da bolha’).
“Todas essas ações pareciam precificadas de forma a acomodar pouquíssima margem de erro na entrada do ano e nenhuma delas executou bem ou atendeu às expectativas do ponto de vista dos fundamentos em 2017”, diz o gestor. Apesar disso, a Amazon fechou o ano em alta de 56%, a Netflix, 55%, e a Tesla, 46%.
“Houve várias noites em que fomos dormir felizes após as companhias divulgarem resultados que batiam com nossas expectativas fora do consenso, mas isso não se traduzia em uma vitória no dia seguinte”, diz.
E resume sua frustração no que poderia ser um tweet: “O ‘value investing’ não morreu, mas está claramente desfavorecido no momento”.