Num recente aparte concedido pela Senadora Ana Amélia (PP-RS), o Senador Cristovam Buarque defendeu a PEC 241, mais conhecida como a ‘PEC do Teto dos Gastos’, dizendo que ela deveria ser chamada de ‘PEC do Óbvio’.
“Essa PEC vai pernmitir descobrir quem daqui, do Congresso inteiro, dá prioridade a alguma coisa. Peguemos a educação,” disse o senador.
“Agora, vai ser possível aumentar recursos para a educação, mas vai ter que dizer de onde tira… É fácil defender a educação e tuuuudo mais.. como a gente vê as pessoas fazendo. Acabou a demagogia, quando a PEC for aprovada. Agora, não vai dar pra defender mais escolas e mais portos com o dinheiro do Governo… Mais saneamento e mais aeroportos.. A gente vai ter escolher, e isso vai ser muito bom pra política brasileira.”
Para Cristovam, os políticos enganam a população fingindo que os recursos são infinitos.
“O que a gente vem fazendo ao longo do tempo? A gente só tem 4 reais para gastar: aí gasta 2 em um lugar e 3 em outro. Como é que pode resolver a aritmética de, tendo 4, gastar 5? Sabe como é? É que os 5 só valem 4. É a inflação de 20%… É assim que temos administrado o Brasil: colocando mais [dinheiro] em tudo e enganando a todos! A gente aumenta salário e depois rouba com a inflação: fica todo mundo ‘bem’… todo mundo enganado…”
No mesmo discurso, Cristovam disse que a Lei da Partilha manteve no fundo do mar os royalties do petróleo (que deveriam ser aplicados na educação) e chamou o PT de ‘partido reacionário’ por não compreender a evolução do mundo.
Para quem está cansado de uma classe política focada em seu próprio umbigo (ou em coisa pior), a fala de Cristovam — 11 minutos de sensatez — mostra que ainda há gente lúcida em Brasilia.
Geraldo Samor