A principal iniciativa digital da Ambev pode responder por 7,1% do faturamento e 7,7% do EBITDA da vertical de cervejas do Brasil daqui a cinco anos.
Num relatório publicado hoje, o Credit Suisse estima que o Zé Delivery — a plataforma de venda B2C — fará um EBITDA de R$ 1 bilhão em 2026 com margem de 33%.
A plataforma já opera em todo o Brasil com mais de 3 mil parceiros e só no primeiro trimestre fez mais de 14 milhões de pedidos, o equivalente a 51% de todos os pedidos de 2020.
O CS estima uma taxa de crescimento anual média de 13% e uma receita por hectolitro 30% maior do que a venda tradicional de cervejas no Brasil, já que o Zé Delivery tem um mix de marcas mais premium.
Segundo o banco, nem todas as vendas do Zé Delivery são incrementais, dado que há alguma canibalização com outros canais. O banco calcula que 70% das vendas sejam adicionais, considerando que a plataforma “estimula novas ocasiões de consumo” e “pode ajudar a Ambev a ganhar share.”
O banco nota que desde a entrada do CEO Jean Jereissati a Ambev fez um shift relevante em sua estratégia.
“A Ambev está se tornando mais inovadora e focada em crescimento (em vez de recuperação imediata das margens),” escreveu a analista Marcella Recchia. “Esperamos que ela continue com um approach mais flexível para balancear crescimento de volume com iniciativas de preço e mix.”
O CS também revisou sua estimativa de crescimento da Ambev entre 2021 e 2026. Agora, o banco acredita que a gigante de bebidas vai crescer as vendas numa média anual de 7,9% (contra 5,7% antes), o EBITDA em 11,6% (contra 9%), e o lucro por ação em 13,6% (contra 11,6%).
Com as novas premissas, o CS chegou a um preço-alvo de R$ 21,5 por ação — dos quais R$ 0,80 vem das projeções do Zé Delivery e do BEES, a plataforma B2B que permite a bares e restaurantes comprar da Ambev itens que vão além da cerveja.
O preço-alvo anterior era R$ 18, e a Ambev negocia hoje a R$ 19,23.