Há uma semana, o Credit Suisse disse que a Kraft Heinz estava com dificuldade para atrair e reter talentos.
 
Agora, o banco achou números para apoiar sua tese.
 
Num relatório publicado hoje, o banco voltou ao assunto e ilustrou tudo com uma pesquisa online da Glassdoor.com, um site de recrutamento onde funcionários e ex-funcionários anonimamente avaliam empresas e suas lideranças.
 
A pesquisa indica que apenas 29% dos funcionários da Kraft Heinz recomendariam a um amigo trabalhar lá, e apenas 27% aprovam o CEO da empresa, Bernardo Hees. Não se trata de uma pesquisa científica, mas na Unilever e General Mills, estes índices estão ao redor de 80% e 90%, respectivamente.
 
Os resultados da pesquisa foram publicados originalmente pela Forbes.
 
Analisando os resultados, o analista Bob Moskow comentou aquilo que se tornou o calcanhar de Aquiles da cultura 3G.
 
“Não estamos dizendo que a Kraft Heinz precisa aumentar seus índices de satisfação de funcionários até o nível de uma Unilever ou General Mills. Nós realmente gostamos do fato de que a 3G opera seus negócios com um nível mais alto de intensidade e meritocracia. No entanto, o grau de insatisfação indicado aqui sugere um grande problema: se os funcionários estão sendo alienados pela cultura 3G de hotéis baratos, avaliações de desempenho mensais e carga de trabalho de banco de investimento, a máquina começa a desmoronar.”  
 
Para Moskow, “as pessoas inteligentes da Kraft farão ‘mais com menos’ até certo ponto, mas podem aceitar ofertas de trabalho melhores se considerarem as metas inatingíveis.  Para realmente alcançar a ‘cultura de ownership’ que a administração apregoa, talvez ela e o conselho devam considerar a satisfação dos empregados como parte de suas metas internas, em vez de apenas o EBITDA.” 
 
Outra pessoa próxima à companhia disse ao Brazil Journal:  “A cultura não é apenas de meritocracia. Existe uma lavagem cerebral e uma cultura muito forte de ‘eat what you kill’ e com isso ‘kill or don’t eat’.  Isso leva a um massacre das pessoas. Nos bancos de investimento isso sempre funcionou: cultura agressiva, dinheiro na mesa, etc., mas hoje as pessoas querem mais bem-estar e há muitas indústrias que oferecem isso além de dinheiro. A 3G vai precisar reinventar esse modelo de gestão.”
 
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