A SSG Capital — uma gestora de special situations fundada por um ex-BTG — está criando uma nova vertical de debt capital markets, buscando sinergias com seu negócio core

Rodrigo Nery e Leonardo Cavalcante, que tocavam a área de DCM da Aeté Capital (uma boutique de assessoria financeira), estão se tornando sócios da SSG, que também está contratando a equipe de cinco profissionais da Aeté. 

A SSG foi fundada no ano passado por Bernardo Mascarenhas, que trabalhou oito anos na área de special situations do BTG. Para criar a gestora, ele trouxe como sócios o family office da família Dayan, dona do Banco Daycoval, a Arc Capital, de Sérgio Machado, e a Blackpartners, do ex-Credit Suisse Bruno Szwarc. 

Bernardo Mascarenhas ok100% do capital do primeiro fundo — R$ 270 milhões — também vem desses sócios. 

Mais recentemente, a SSG também atraiu como sócios os fundadores do grupo Multiplica e da RED Asset — ambas especializadas em FIDCs.

Mascarenhas disse ao Brazil Journal que a nova área de DCM vai focar em empresas do middle market com faturamento acima de R$ 150 milhões e em operações high yield (acima de CDI + 4%).

“As transações que ficarem entre CDI + 4% e CDI + 8,5% vamos distribuir; as que ficarem entre CDI + 8,5% e CDI + 12,5% podemos montar uma estrutura, distribuindo as cotas sênior e alocando nosso capital nas cotas subordinadas; e as que ficarem acima de CDI + 12,5%, podemos encarteirar 100% com capital proprietário e com co-investimentos,” disse ele. 

Além da sinergia na originação, Mascarenhas disse que a vinda do time de DCM também deve ajudar nas captações, “já que eles tem conexão com muitos family offices.”

A SSG pretende levantar um segundo fundo em meados deste ano. O objetivo é captar R$ 500 milhões, com parte disso vindo de terceiros, disse Mascarenhas. 

Segundo ele, os sócios da gestora já fizeram um commitment de R$ 270 milhões para o segundo fundo, mas o montante final vai depender da demanda do mercado. “Os sócios vão alocar o que faltar para completar esses R$ 500 milhões,” disse ele. 

A tese do segundo fundo será parecida com a do primeiro: investir em operações estruturadas que tenham ativos reais como lastro. 

No primeiro fundo, até agora a SSG já investiu R$ 100 milhões em duas transações. A primeira foi com um produtor rural de médio/grande porte que teve que reduzir suas operações depois de entrar em recuperação judicial.

Neste processo, ele acabou vendendo uma de suas fazendas numa operação em que manteve a posse do ativo num contrato de comodato — e em que ele havia ganho uma opção de recomprar a fazenda no futuro.

Depois de uma frustração na safra de 2023, com o El Niño, esse produtor resolveu exercer a call para depois vender a fazenda de vez, mas não tinha os recursos para isso.

“O que fizemos foi comprar essa call dele, por um preço muito baixo que não refletia o valor real, e em troca dar um empréstimo para ele. Já exercemos a call e agora estamos no processo de venda da fazenda,” disse Mascarenhas. 

Pelos termos do contrato, quando a SSG conseguir vender o ativo, ela vai deduzir da venda o valor da dívida (com os juros da operação) e distribuir o restante para o produtor. 

O retorno esperado com essa operação é de pelo menos 1,5x a 2x o capital investido, segundo o gestor. 

Com outro produtor, a SSG fez outra operação envolvendo um jatinho e um barco que o empresário possuía. 

“Estamos olhando muitos deals de agro porque é um setor que passa por um momento de escassez, o que abre espaço para muitas operações interessantes de special sits. Mas sempre fazemos transações com algum ativo base de lastro, para que lá na frente a gente não dependa só da operação e da geração de caixa da companhia.”

Mascarenhas disse que a gestora também está olhando operações de equity, com a visão de comprar o controle, trabalhar numa reestruturação e sair num evento de liquidez.