O Bank of America fez um update de sua cobertura do setor de saúde, mudando a Hapvida para o ‘top pick’ do setor e dando um downgrade duplo na Dasa, de ‘compra’ para ‘venda’.
O analista Fred Mendes manteve o ‘buy’ em Oncoclínicas e na Rede D’Or, mas reduziu o preço-alvo da empresa dos Moll de R$ 40 para R$ 30. O papel negocia ao redor de R$ 21.
Hapvida
O BofA disse que a melhora da sinistralidade deve ser mais rápida que o mercado espera, dado o forte reajuste de preços e a limpeza da base que a empresa tem feito.
O banco estima que a Hapvida vai atingir uma sinistralidade de 69,5% em 2024, em comparação aos 73,9% do segundo trimestre deste ano.
Para o BofA, com a queda da sinistralidade, a geração de caixa vai acelerar, principalmente no quarto trimestre, quando a sinistralidade é sazonalmente menor.
“Apesar dos reajustes estarem acima dos níveis históricos desde setembro de 2022 e do fato de que leva um ano para eles se refletirem em todo o portfólio, a segunda onda [de reajustes] está acontecendo num ritmo muito mais forte desde março deste ano, reforçando a perspectiva de melhoras no operacional.”
Dasa
Mendes disse que está atrasado nesse call, já que a execução da Dasa tem sido muito abaixo da média do setor há um tempo. “A empresa queimou R$ 1,5 bilhão de caixa no primeiro semestre e achamos bem provável que eles precisem acessar o mercado novamente,” diz o relatório.
Segundo o analista, a estratégia da Dasa de desenvolver um ecossistema de saúde está se mostrando mais desafiadora que o esperado, o que tem se refletido em margens abaixo dos peers. A Dasa tem operado com margem EBITDA de 17%, em comparação à média de 25% do setor.
Além disso, a companhia “está negociando a 20x o lucro estimado para 2025, o maior múltiplo do setor,” escreveu Mendes. “Por fim, a alavancagem continua uma das grandes preocupações dado o risco de estourar os covenants.”
A dívida líquida/EBITDA fechou o segundo tri em 3,8x, muito próxima dos covenants da dívida de 4x.
O banco também reduziu seu preço-alvo para o papel de R$ 11 para R$ 9, abaixo de onde a ação negocia hoje (R$ 9,23).
O papel cai 3% por volta do meio-dia.
Oncoclínicas
Para o BofA, a Oncoclínicas tem demonstrado um crescimento acelerado do top line, conseguindo ganhar escala e relevância no segmento de oncologia — o que é muito importante dado que o custo dos medicamentos é o maior ônus do negócio.
Mendes disse que a empresa conseguiu crescer a uma média de 40% ao ano nos últimos três anos e que espera 20% ao ano para os próximos cinco.
“Além do crescimento acelerado, a companhia tem trabalhado na reorganização societária e na incorporação das adquiridas, permitindo uma maior eficiência fiscal,” escreveu o analista.
Para ele, a discussão central neste momento — dado que a empresa já conseguiu expandir margens e ser mais eficiente — é a geração de caixa. “No último trimestre, a empresa já gerou caixa e esperamos uma recorrência nos próximos trimestres. Acreditamos que essa consistência deve ser o principal trigger para a ação, removendo incertezas sobre a capacidade da companhia de ter resultados consistentes.”
Rede D’Or
Para o banco, o curto prazo da Rede D’Or “ainda vai ser difícil,” com a empresa enfrentando dificuldade em seu plano de expansão, principalmente no credenciamento dos cerca de 2 mil novos leitos de seus projetos greenfield.
O analista nota que na época do IPO, a Rede D’Or era uma empresa que deveria crescer 30-35% ao ano. Agora, a estimativa do BofA é de um crescimento de apenas 10-12% para os próximos três anos.
A empresa também está sofrendo uma pressão nas margens, já que seus reajustes estão baixos, entre 3% e 4%, enquanto o aumento dos custos continua alto.
“Esses fatores limitam o potencial de curto/médio prazo da Rede D’Or para expandir margem,” diz o relatório. “Esperamos que os custos com Mat/Med [materiais e medicamentos] retornem ao nível histórico de 19% da receita bruta, abrindo espaço para um aumento de 2 a 3 pontos da margem EBITDA. Mas por enquanto eles continuam acima de 20%.”
Por outro lado, o BofA nota que a ação sofreu uma correção de 15% este mês e de 25% no ano, e que a família controladora está comprando o papel.
Nas contas do BofA, o papel negocia a 19x o lucro estimado para o ano que vem e 11x o de 2025.