LISBOA  — Todo mundo já notou que os valuations e o tamanho das rodadas das startups brasileiras estão crescendo, mas Rodrigo Baer, do Softbank, acha que a situação é ainda mais grave no early stage.

“No late stage, com as máquinas funcionando e a companhia já mais evoluída, a startup consegue absorver melhor esse capital. É um estágio em que o capital realmente faz a diferença para crescer rápido,” Rodrigo disse durante um painel organizado pelo escritório de advogados FM/Derraik, especializado em startups.

Já no early stage, “acho que estamos overfunding as empresas.”

“E não tem motivo pra isso. As startups não vão aprender mais como escalar seu produto, ou como entrar no mercado porque elas têm mais dinheiro,” disse ele. “Ao colocar mais dinheiro, você só está colocando mais risco na mão dos fundadores.”

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No mesmo painel, Antoine Colaço, da Valor Capital, notou que o tempo entre as rodadas também está comprimindo significativamente nos últimos anos.

Para ilustrar, contou o caso de uma startup que nem tinha recebido o dinheiro do seed na conta e já estava negociando a Série A. “Se isso acontece, está claro que alguém está ‘jumping the gun’ e que algo está errado.”

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Doug Leone, da Sequoia Capital, uma das maiores gestoras de venture capital do mundo, explicou o que busca numa startup:

11747 dea71e3b 9697 f14c 67cd 52920f984e2d“Uma vez eu entrevistei um competidor olímpico para se tornar sócio da Sequoia que me disse que ele tinha “ganho o segundo lugar” nas Olímpiadas.

Ele poderia ter dito que estava animado por ter ganho o segundo lugar, que estava orgulhoso por ter ganho o segundo lugar, ou que estava puto por ter ficado em segundo. 

Mas usar as palavras “eu ganhei o segundo lugar” me marcou muito… Você não ‘ganha’ o segundo lugar; se você fica em segundo, você é o primeiro perdedor. 

Queremos pessoas que querem ganhar, queremos fundadores que querem criar empresas muito grandes, companhias ‘monstro’, cujo market cap pode passar de US$ 100 bilhões. 

Não estamos interessados nos unicórnios; estamos interessados em empresas que mudam a forma como vivemos.”

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Leone falou também da mudança dramática que a Sequoia anunciou há alguns dias na estrutura de seus fundos, passando a adotar um modelo de capital permanente — algo inédito na indústria de venture capital.

“O que permitiu que a gente fizesse esse movimento foi o fato de que temos limited partners que são em sua maioria non-profits, instituições como as fundações de Harvard, do MIT e de Stanford.”

Segundo ele, esses investidores confiaram seu capital para a Sequoia investir com um horizonte de longuíssimo prazo.

“Não estamos mais presos ao ciclo de 10 anos do venture capital. Agora, podemos ficar com as empresas, sem vender nossas ações, por 25 anos ou mais. Isso significa que vamos poder ajudá-las a manter sua veia empreendedora mesmo quando elas estiverem faturando US$ 10 bilhões.”