A Vivo acaba de comprar a Vale Saúde Sempre, uma startup que oferece uma assinatura com benefícios como descontos em consultas e exames e que vai turbinar a estratégia de ecossistema digital da operadora de telecom.
“Temos um aquário gigantesco para pescar no B2C, bem como uma oportunidade de oferecer a assinatura nas PMEs, para empresas com cinco, dez, vinte funcionários e que não têm condições de oferecer um plano de saúde para eles,” Rodrigo Gruner, o diretor de inovação e novos negócios da Vivo, disse ao Brazil Journal.
A Vivo tem mais de 60 milhões de clientes, e uma parte relevante está dentro do mercado endereçável da startup.
A transação pode chegar a R$ 60 milhões considerando os earnouts, que dependem do atingimento de algumas metas.
A Vivo já era cliente da Vale Saúde desde meados do ano passado. Por meio de um serviço white label, a Vivo consegue oferecer a assinatura a seus clientes usando sua marca própria, o Vida V. Por trás da marca está a rede credenciada e os sistemas da Vale Saúde.
A assinatura custa a partir de R$ 14,90 por mês e permite que o cliente faça exames e consultas em redes parceiras com valores significativamente menores, além de dar descontos na compra de medicamentos.
“Nos últimos meses testamos o produto deles para ter mais segurança para um movimento como esse,” disse Gruner.
O Vale Saúde foca no estrato da população que não tem acesso aos planos de saúde privados mas tem condições de pagar uma assinatura mensal nessa faixa de preço – um recorte que engloba mais de 100 milhões de brasileiros, segundo Gruner.
Fundada em 2011 por Eduardo Brigagão, a startup tem 250 mil usuários pagantes – um número que inclui tanto clientes que assinam diretamente o serviço quanto clientes de empresas que usam o serviço white label, como era o caso da Vivo.
A compra do Vale Saúde faz parte de uma estratégia mais ampla do CEO Christian Gebara de diversificar a receita da Vivo para além do core business – um caminho que diversas telcos têm seguido ao redor do mundo.
Para isso, a Vivo criou o que chama de ‘ecossistema digital’, uma série de soluções e produtos que ela vende aos clientes.
No B2B, esse ecossistema já tem gerado uma receita relevante. No ano passado, a venda de soluções como cloud, licenças de software e equipamentos de tecnologia para empresas gerou uma receita de R$ 2,7 bilhões para a Vivo de um total de R$ 48 bilhões.
No B2C, a Vivo não divulga a receita, mas o negócio ainda é bem pequeno. São cinco verticais: entretenimento, com a venda de assinaturas de streaming, por exemplo; educação, por meio de uma joint venture com a Ânima Educação; serviços financeiros, com a oferta de uma wallet e produtos de crédito; casa inteligente; e, agora, saúde.
“Esses negócios ainda não mexem o ponteiro,” disse Gruner. “Mas é uma visão de médio e longo prazo. Em dois ou três anos, esperamos que essas verticais em conjunto já comecem a fazer uma diferença no top line.”
Além das verticais em que já opera, a Vivo está analisando entrar em outros segmentos.
O mais imediato é o setor de energia, onde a companhia enxerga uma enorme oportunidade com a abertura do mercado livre para os consumidores pessoa física.