Bill Ackman, o fundador da Pershing Square descrito como ‘MAGA billionaire’ pela imprensa progressista dos EUA, abraçou uma nova tese de investimento totalmente alinhada a sua pregação política: uma rede de escolas privadas que passa longe de temas de inclusão social e prepara os alunos desde cedo para a inteligência artificial.

Segundo o Wall Street Journal, a Alpha School é uma rede particular “que vem crescendo rápido” e evita aulas sobre temas como diversidade, equidade e inclusão – enquanto os alunos desde os 12 anos já lidam com softwares de inteligência artificial.

Ackman vem atuando como um “embaixador” do colégio, fundado em Austin há quase dez anos e que em setembro abrirá suas primeiras turmas em Manhattan para crianças do jardim de infância ao oitavo ano. 

Mas o gestor não entrou com dinheiro na empreitada – ao menos até agora, segundo o Journal.

Em um post no X, Ackman disse que o colégio trouxe a primeira “verdadeira inovação” no ensino do ciclo básico desde a KIPP Academy, o método criado há três décadas e dedicado ao aprendizado de crianças pobres e carentes.

“Há 200 anos, a educação até os 12 anos era um professor e um quadro-negro na frente de 25 ou 30 crianças,” escreveu Ackman. “Hoje a única diferença é que talvez o quadro negro seja branco. Enquanto isso, o mundo está no meio da revolução da AI.” 

A Alpha possui um método de ensino próprio e bastante particular. O colégio chama seus professores de “guias” e usa AI como tutores para que os estudantes concluam as disciplinas básicas em apenas duas horas diárias.

Ainda assim, de acordo com a escola, seus alunos aprendem o dobro do que nas escolas tradicionais – embora não haja resultados verificados de forma independente.

A plataforma de ensino foi desenvolvida pela Trilogy, uma companhia de software também de Austin. 

Na parte da tarde, os alunos desenvolvem atividades práticas de ‘preparação para a vida’ – o que, para os mais pequeninos, pode ser a ‘tarefa’ de fazer um passeio de 8 quilômetros de bicicleta.

Como explica Ackman, são quatro horas dedicadas a habilidades de liderança e vida prática. “Sem lição de casa. Informações diárias em tempo real sobre como seu filho está se saindo.”

A cofundadora MacKenzie Price disse ao Journal que o colégio mantém distância de tópicos candentes que dividem alunos e escolas no país.

“Não deixamos nada – questões políticas ou sociais – atrapalhar,” disse ela. “Nos mantemos afastados disso.”

MacKenzie, que trabalhou numa empresa de hipotecas imobiliárias, criou a escola para seus próprios filhos em 2014.

A primeira unidade foi fundada dois anos depois, em Austin. Na sequência vieram outras unidades no Texas e a aplicação do método de ensino em outros colégios privados, em estados como Flórida e Califórnia, e também no Canadá.

Já estão nos planos endereços no Arizona, Carolina do Norte e Virgínia. Para o próximo ano, o plano é chegar a Porto Rico, além de outros estados americanos.

Tipicamente, as novas unidades são abertas por founding families, que pagam entre US$ 40.000 e US$ 60.000 por ano para cada matriculado. O preço fica dentro do cobrado por escolas privadas de elite.

Ackman, um expoente entre os apoiadores de primeira hora de Donald Trump, há tempos mantém uma cruzada contra as políticas de diversidade, igualdade e inclusão – DEI, na sigla em inglês. Tem sido o crítico mais barulhento do currículo de Harvard, sua alma mater, e condenou o que chamou de antissemitismo nas manifestações contra Israel ocorridas em 2023 nas universidades americanas.

Segundo o Journal, Ackman ouviu falar da Alpha pela primeira vez durante a conferência da Berkshire Hathaway, em maio passado. Depois foi visitar o colégio em Austin e desde então vem promovendo a rede em seu círculo de conhecidos.

Dentro do plano de expansão da Alpha, uma das opções é atrair investidores.

Um de seus grandes apoiadores é o dono da Trilogy, o bilionário texano Joe Liemandt, que nos últimos dois anos vem atuando como diretor do colégio. Liemandt também é o controlador da ESW Capital, uma firma de private equity.