A Prumo Logística e a TotalEnergies assinaram um memorando de entendimento para instalar bases de apoio logístico no Porto de Açu que vão servir de suporte para a construção e operação de parques eólicos offshore.
O acordo com a multinacional francesa é o terceiro deste tipo assinado pela Prumo, que é dona do porto e pretende transformá-lo num ‘hub verde’.
“Temos uma estratégia para a cadeia inteira,” o CEO Rogério Zampronha disse ao Brazil Journal. “Queremos atrair [para o porto] as fábricas de turbinas, a infraestrutura para a geração eólica offshore, uma fábrica de hidrogênio verde, onde a energia poderá ser usada, além de fábricas que transformam o hidrogênio verde em amônia verde e metanol verde.”
O acordo com a Total vem num momento em que a indústria de parques eólicos offshore está prestes a sair do papel no Brasil.
No mercado, a expectativa é que a regulação das eólicas offshore saia até o final deste ano, e que os primeiros leilões nessa área comecem no segundo semestre do ano que vem. (Só na costa em frente ao Açu há pelo menos 33 GW em projetos de eólicas offshore em fase de licenciamento pelo Ibama).
Assim que esses leilões ocorrerem, a Prumo espera que seus três MoUs (com a Total, EDF e Neoenergia) comecem a se tornar contratos de fato.
Segundo Zampronha, ainda há espaço disponível no Açu para mais um ou dois desses projetos de bases de apoio logístico, sem a necessidade de grandes obras. “Essas áreas são os hotéis cinco estrelas, mas também temos outras que são quatro estrelas.”
Mauro Andrade, o diretor de novos negócios da Prumo, disse que há uma vantagem relevante de custos em fazer o projeto eólico offshore dentro do Açu.
“No exterior, normalmente as empresas têm que erguer um porto do zero para servir ao projeto, o que tem um custo de uns US$ 200 milhões,” disse ele. “O investimento que essas empresas vão ter que fazer no Açu é uma fração bem pequena disso, o que reduz o capex do projeto e torna o retorno mais atrativo.”
Além disso, o Açu está próximo dos fabricantes das peças das turbinas eólicas – quase todos no Sudeste – e a frota de navios necessária para operar esses projetos pode ser compartilhada com outras indústrias que já operam no porto.
“70% das embarcações necessárias para esses projetos são as mesmas usadas pela indústria de exploração de pré-sal, e o local principal dessas frotas no Brasil é o Açu,” disse Zampronha.
Ao compartilhar essa frota com a indústria de petróleo, o custo de operação e manutenção será muito menor, disse ele.
Para o Porto do Açu, a construção dessa cadeia na energia renovável é uma aposta na transição energética – e uma forma de diversificar sua receita, hoje extremamente concentrada nos setores de petróleo e mineração, que juntos respondem por cerca de 75% do faturamento.
No médio prazo, o CEO estima que os diversos projetos de energia renovável tenham uma participação igual ou superior à do setor de petróleo na receita da companhia.