A TIM Brasil bateu o consenso no lucro líquido e no EBITDA do terceiro tri, com o CEO Alberto Griselli sinalizando mais espaço para ganhos de eficiência.
O EBITDA cresceu 11,6% para R$ 3,01 bilhões, enquanto o mercado esperava R$ 2,94 bilhões no consenso Refinitiv. Com isso, a margem subiu para 49,7%, 1,7 ponto acima do mesmo tri do ano passado e o melhor resultado para um terceiro trimestre da TIM Brasil.
O EBITDA “after lease” – que considera as economias da TIM ao mudar do modelo de propriedade para o de aluguel de torres – cresceu 21%.
Esse resultado “vem de uma estratégia muito focada no mobile, que está se beneficiando da valorização dos ativos que compramos da Oi,” Griselli disse ao Brazil Journal.
O lucro líquido normalizado – que exclui o impacto das multas contratuais relacionadas ao descomissionamento das torres adquiridas da Oi Móvel – ficou em R$ 724 milhões, contra R$ 539 milhões do consenso.
O descomissionamento nada mais é que o processo de desativação de torres e estruturas de transmissão compradas da Oi que estão sobrepostas ou muito próximas aos sites onde a TIM já estava presente.
O plano da TIM era encerrar o ano com 3,5 mil torres descomissionadas – mas esse número já está em 4,2 mil, e subindo.
No total, a empresa vai ficar com cerca de 2,8 mil das 7,2 mil das torres originadas da Oi Móvel.
“Isso nos permite ter uma otimização dos custos e, tendo recebido as frequências da Oi e com a estratégia de deployment do 5G, estamos fazendo investimento para tornar os serviços mais eficientes e com mais qualidade,” disse Griselli, notando que a empresa alcançou suas melhores métricas de qualidade em junho.
Segundo ele, os ganhos de eficiência e de margem estão apenas no começo.
O resultado deste trimestre não leva em conta os cerca de R$ 300 milhões que a TIM conseguiu arrecadar após a homologação de um acordo entre a Oi, TIM, Claro e Vivo. Segundo o CEO, isso deve ter um impacto no resultado do quarto tri.
Um dos pontos de atenção do mercado é em relação ao market share perdido pela TIM desde a compra da Oi. De um ano para cá, a empresa perdeu 2,1 pontos de share, chegando a 24,3%.
Griselli disse que isso é resultado da limpeza da base de clientes que vieram da Oi – houve uma queda de 11% no número de usuários total na comparação anual.
Mas segundo ele, a empresa já está em um ponto de virada, especialmente no pós-pago, onde a TIM reportou 590 mil adições líquidas de clientes no trimestre.
Na banda larga fixa, a TIM alcançou 791 mil clientes de fibra óptica, 11,6% a mais do que no ano passado. Como a empresa tem 2% do mercado, o CEO acredita haver espaço para que a TIM participe do movimento de consolidação dos ISPs – mas isso não deve acontecer agora.
Segundo ele, há uma guerra de preços nesse setor e a TIM quer buscar crescimento lucrativo – e não reviver a disputa a tapa que as operadoras viveram nos últimos anos no segmento móvel. “No momento certo, pode fazer sentido,” disse.
Na semana passada, um grupo de minoritários da TIM na Itália reviveu o assunto que vem rondando a companhia nos últimos anos: a venda da TIM Brasil.
Segundo eles, para desalavancar o grupo controlador, seria mais benéfico vender a operação brasileira do que se desfazer da NetCo, a companhia de infraestrutura de rede fixa da Itália.
Mas isso não aconteceu. Ontem, o KKR anunciou a compra da NetCo por € 18,8 bilhões.
Esse movimento, na visão de Griselli, mostra que a TIM continua vendo a TIM Brasil como um ativo estratégico, e que uma venda não está nos planos.