Depois de vender sua rede de escolas de inglês Red Balloon para a Abril Educação, Michel Lam teve que respeitar um non-compete de quatro anos – mas já tinha certeza do que queria fazer na sequência.
Assim que a vedação acabou em 2016, o empreendedor assumiu o comando da Red House – a escola bilíngue que ele havia fundado em paralelo à Red Balloon e que foi deixada de fora da venda para a Abril.
“Criamos a Red House ali em 2010 porque vimos que o mercado estava mudando,” Michel disse ao Brazil Journal. “Estavam começando a aparecer outras escolas bilíngues no Brasil, e o crescimento cada vez maior das escolas com período integral inviabiliza o inglês depois da aula.”
Até 2016, a Red House operava com apenas uma unidade, no bairro de Higienópolis.
Quando voltou ao negócio, Michel pisou no acelerador e investiu R$ 30 milhões de capital próprio para abrir uma segunda unidade no mesmo bairro. Quatro anos depois, em meados de 2020, ele levantou outros R$ 100 milhões com a Gama Capital, a gestora de Jonas Gomes, que fundou a BR Investimentos junto com Paulo Guedes em 2003.
A Gama ficou com 45% do negócio.
De lá para cá, a Red House já abriu outras sete escolas, todas em São Paulo, e tem mais cinco que devem ficar prontas em agosto. Há ainda sete unidades em desenvolvimento, que serão abertas até 2024.
O plano de Michel é chegar a 90 escolas até 2030, abocanhando uma fatia relevante de um mercado ainda incipiente no Brasil.
Além da Red House, há apenas outros dois grandes players de escolas bilíngues por aqui: a maior delas é a Maple Bear, do empresário Chaim Zaher, que já opera 170 escolas. A outra é a Avenues, que tem apenas uma unidade e é focada no topo do topo da pirâmide, com uma mensalidade de mais de R$ 10.000.
Segundo Jonas, a Red House está tentando se posicionar no meio do caminho entre a Maple Bear e a Avenues, com uma mensalidade que custa em média R$ 6.500. (O valor varia dependendo da localização da unidade e do preço do aluguel).
A Maple Bear é bem mais democrática: a mensalidade média é de R$ 3.500, mas algumas unidades cobram menos de R$ 2.000.
A expansão da Red House está calcada em três modelos: escolas próprias, afiliadas e híbridas.
Nas escolas próprias, a Red House é dona de 100% do negócio. Nas afiliadas, ela tem um sócio local que fica com 100% do negócio mas paga royalties à holding e compra todo o material didático dela. Já nas escolas híbridas, a Red House tem uma participação societária (normalmente o controle) e o parceiro local, o restante.
A Red House tem uma base de 1.100 alunos e espera fechar o ano com 1.800. A rede como um todo deve faturar R$ 50 milhões este ano; já a holding deve ter uma receita de R$ 30 milhões.
O plano de expansão é baseado apenas em greenfields (abrir escolas do zero) e não prevê nenhum M&A.
Apesar do capital e do business plan bem desenhado, Michel reconhece que, no final do dia, o que vai definir se uma empresa de educação é ou não vencedora é a qualidade do ensino.
“Esse é essencialmente um negócio de reputação, de garantir qualidade no ensino e ir travando essa batalha diariamente,” disse ele. “É um investimento para 100 anos, não 5.”