Desde que José Victor Oliva foi bater na porta da Ambev, em 1991, para sugerir a criação de um camarote na Marquês de Sapucaí, o Camarote N°1 (conhecido durante anos como o Camarote da Brahma) se consolidou como o principal lugar para ‘ver e ser visto’ no carnaval carioca.
O evento reúne mais de 3 mil pessoas todo ano — incluindo celebridades, sub-celebridades e atletas – para assistir de perto ao desfile das escolas de samba com comida boa, bebida farta — e claro, o imprescindível ar condicionado.
Ano passado, o Camarote N°1 faturou mais de R$ 30 milhões entre patrocínios e vendas de ingressos.
Agora, o comando do evento — palco de histórias inusitadas envolvendo de Maradona a Arnold Schwarzenegger, passando por Barbara Bush — está trocando de mãos.
Zé Victor vai deixar o dia a dia do negócio e passar a operação ao filho, Antônio Oliva, que fez carreira como DJ e já tem outras empresas na noite.
Antônio está assumindo como diretor de novos negócios da Story Makers, a empresa que é dona do camarote — e vai focar na expansão da marca, um plano já delineado pelo pai.
“Queremos tirar da cabeça que o Camarote N°1 é só carnaval,” Antônio disse ao Brazil Journal. “Nossa ideia é transformar o N°1 numa plataforma que vai estar mais presente no cotidiano das pessoas, nas vivências delas.”
Isso passa por fazer novos eventos com a marca N°1 em outros momentos do ano — a empresa já fez festas de réveillon e um evento na Copa do Mundo, por exemplo – até criar produtos que levam a marca do camarote, como camisetas, óculos, chapéus e bolsas.
Outra ideia, segundo Antônio, é fundir a marca com a Arcanjos, que organiza o réveillon na Barra de São Miguel, em Alagoas, um destino badalado nos últimos anos, especialmente na Faria Lima.
No último réveillon, Zé Victor e outros sócios da empresa passaram pelo evento para “ver se a experiência era compatível com o que o N°1 espera para um réveillon,” disse Antônio.
Zé Victor disse que continua apaixonado pelo camarote, mas que “com o tempo e a idade entendi que tinha que haver uma continuidade, e com uma pessoa à altura, alguém que foi treinado a vida inteira para isso.”
O empresário — que fez história com o Gallery em São Paulo — resolveu passar o bastão porque “na hora que você se sente realizado com uma coisa, na hora em que as ideias já não são as mais ousadas, é hora de mudar.”
A Story Makers faz parte da Holding Clube, a empresa de live marketing de Zé Victor que tem outros seis negócios no setor. Ele continua como presidente do conselho da holding, que faturou R$ 250 milhões no ano passado.
Antes do Camarote N°1, Antônio trabalhou numa concorrente da Holding Clube, a Rock Comunicação, onde foi assistente de produção e depois produtor. Depois, saiu para abrir seus próprios negócios: restaurantes e baladas como o Antonella Maison e o Tetto Lounge, ambos em São Paulo.
“Foi com eles que entendi como a noite funciona,” disse Antônio.
Em mais de 30 anos de história, o Camarote N°1 já foi palco de episódios inusitados.
Num deles, Arnold Schwarzenegger foi barrado no segundo dia do evento porque não estava usando a camiseta do camarote, que funciona como o ingresso.
O Terminator ficou possesso e saiu xingando. No final, entrou em outro camarote e curtiu o Carnaval mesmo assim.
Em outro episódio, em 2002, Barbara Bush (a mãe do então presidente dos EUA) quis ir ao camarote, e Zé Victor teve que explicar a ela — na época, uma senhora de 75 anos — que sem a camiseta não poderia ficar lá.
Barbara topou, mas duas horas depois tirou a camiseta porque estava com calor. Para resolver a situação, Zé Victor chamou uma estilista para cortar a camiseta em franjas e transformá-la num casaquinho.