As ações da PDG caem mais 13,8% no pregão desta sexta para uma nova mínima histórica: 25 centavos.
A incorporadora divulgou ontem à noite mais um resultado que mostra o drama do mercado imobiliário e sua própria situação ’touch-and-go’ de quase insolvência.
Em apenas um trimestre, a PDG queimou todo o caixa que levantou em seu recente aumento de capital, de 500 milhões de reais.
Apenas em serviço de juros sobre sua dívida e impostos, foram 250 milhões de reais. Despesas administrativas e de vendas, mais 135 milhões de reais. E gastos não-recorrenres (como pagamentos preferenciais a financiadores e queima de caixa na REP, sua unidade comercial), outros 140 milhões.
O faturamento bruto da empresa caiu 47% ano contra ano, enquanto o número avassalador de distratos levou a uma queda líquida nas vendas de 81%.
O recente aumento de capital, feito em grande parte pelo maior acionista, a Vinci Partners, reduziu o endividamento líquido da PDG para ‘apenas’ 117% de seu valor patrimonial (este número era de 134% no primeiro trimestre).
Obviamente, ninguém no mercado esperava um balanço loiro e de olhos azuis. Mas o que chocou o mercado foi a reversão de tendência. Há dois trimestres, a PDG conseguiu gerar um fluxo de caixa livre (FCF) de 240 milhões de reais. No trimestre seguinte, gerou 410 milhões de reais — um recorde. Agora, o FCF despencou para 78 milhões.
A nova gestão da empresa agora terá que lidar com 1 bilhão de reais de dívida corporativa expirando entre julho e setembro. O valor é parecido com a posição de caixa bruto da empresa, que fechou o trimestre em 1,2 bilhão.
A dívida líquida da PDG soma 6,6 bilhões de reais, entre debêntures, dívida com bancos e outras obrigações. A empresa vale 615 milhões de reais na Bovespa.
Para seus acionistas, a PDG continua a mais perfeita armadilha de valor da Bolsa; para os bancos, ela é um assunto que vai esquentar em breve.
O balanço publicado ontem também falava de um pagamento — uma ‘distribuição para parceiros’ — de 86 milhões de reais.
Alguns investidores que não acompanham a empresa de perto estranharam isso, já que a companhia acabou de fazer um aumento de capital.
A explicação é simples: estes dividendos são uma obrigação contratual da empresa, uma forma de pagar uma operação de financiamento feita no ano passado, pela qual o Farallon comprou participações vários projetos da PDG.
O fundo americano comprou cotas de SPEs (empreendimentos da PDG) com um retorno preferencial, numa estrutura de financiamento conhecida como mezanino.
Com a entrega de obras, o Farallon recebe a dívida na forma de dividendos.
A operação foi de aproximadamente 240 milhões de reais e serviu para prover liquidez para a PDG num momento em que a empresa já começava a enfrentar dificuldades de rolagem de sua dívida.
“Estes não são dividendos para as ações de PDG,” explica um gestor. “São dividendos de SPEs controladas pela PDG que tiveram parte de suas cotas vendidas para um financiador.”