Os Emirados Árabes Unidos são o novo ímã dos milionários mundiais – enquanto o Brasil está entre os países que mais veem seus endinheirados darem adeus.
Pelo terceiro ano consecutivo, o país do Oriente Médio deverá ser o que mais atrai high net-worth individuals – as pessoas com um saldo bancário de pelo menos US$ 1 milhão para investir livremente.
Apenas neste ano, 6.700 milionários deverão transferir seu endereço para os Emirados Árabes, um número recorde para o país.
Já o Brasil perderá 800 milionários, que abandonarão o País em busca de um destino com maior segurança, melhor padrão de vida – e impostos mais camaradas.
As projeções estão na mais recente edição do Henley Private Wealth Migration Report, o relatório anual produzido pela Henley & Partners, uma consultoria internacional de gestão patrimonial.
“Com imposto de renda zero, golden visas, estilo de vida luxuoso e localização estratégica, os Emirados Árabes se estabeleceram como o destino número 1 na migração de milionários,” diz a consultoria.
Em todo o mundo, este deve ser o ano de maior migração de milionários, com um total de 128 mil indivíduos mudando de residência – na maioria das vezes, um movimento motivado pelos incentivos legais e tributários, mas também por questões de segurança e bem-estar.
Tradicionalmente, o emirado recebe um grande número de endinheirados da Índia, de outros países árabes, da África e da Rússia. Mas agora começa também a dar boas-vindas a um número crescente de europeus, sobretudo britânicos.
O Reino Unido, a propósito, é um dos países que mais deve perder milionários neste ano – 9.700 no total.
A fuga ocorre por causa da decisão do governo britânico de acabar com sua histórica isenção tributária para os lucros obtidos no exterior.
“O Reino Unido – e Londres, especialmente – foi por muitos anos um dos principais destinados para a migração de milionários. Mas essa tendência começou a se inverter há cerca de dez anos, com mais milionários partido do que chegando,” diz a Henley.
O Brexit acelerou a debandada, que agora será ainda maior por causa do aumento na tributação para os chamados ‘non-doms’ – ‘não domiciliados,’ que moram no Reino Unido, mas têm residência tributária em outros países.
A saída de milionários do país será inferior apenas à da China, com 15.200 indo embora. A Índia fica em terceiro, com a saída de 4.300.
“Tanto a China como a Índia estão tendo uma grande saída líquida de milionários por causa da história de sucesso da economia dos países em gerar novos milionários,” comenta a Henley.
Os endinheirados chineses e indianos, assim como o de outras nações emergentes – entre elas o Brasil –, costumam ser motivados pela busca de um melhor estilo de vida, em ambientes mais limpos e seguros, com acesso a melhores serviços de educação e saúde. Não é, portanto, apenas uma questão tributária, nesses casos.
Segundo Andrew Amoils, diretor de pesquisas da consultoria, as principais razões para os brasileiros decidirem deixar o País natal são a busca de melhores oportunidades de trabalho e de negócios, além de preocupações financeiras e questões de segurança.
Outro fator, cita Amoils, é a aposentadoria. “Muitas pessoas com mais de 60 anos se mudam para hotspots de aposentados, como Portugal e a Flórida,” afirma.
Os EUA são, depois dos Emirados Árabes, o país que mais receberá milionários estrangeiros em 2024. Outros principais destinos da migração são Cingapura, Canadá, Austrália e Itália.
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