Whey protein, creatina, ômega 3, multivitamínicos, BCAA, melatonina. Com o boom do mercado de suplementos, o consumidor passou a consumir dezenas de cápsulas todos os dias – isso sem contar os suplementos em pó, que precisam ser misturados com água ou leite.
Mas para Flávio Passos, estamos complicando o que deveria ser simples.
Por isso, o fundador da Puravida – a fabricante de suplementos que foi vendida à Nestlé em 2022 – está voltando ao mercado wellness para apostar em uma farmácia de manipulação digital.
Passos acaba de lançar a Puríssima, cuja proposta é personalizar as fórmulas de suplementação, unificando tudo que o consumidor precisa em uma única receita.
O investimento, não revelado, está sendo feito por Passos e seus sócios: o médico Túlio Sperb, Rafael Medeiros e Érico Rocha.
“A Puríssima nasce da ideia de simplificar um mercado que ficou confuso. São muitos frascos, rótulos e promessas, e queremos entregar tudo que o corpo precisa em uma única fórmula feita sob medida,” o empreendedor disse ao Brazil Journal.
A aposta da Puríssima é usar inteligência artificial para criar o melhor suplemento para cada consumidor.
Ao acessar a plataforma, o cliente vai responder a mais de 90 perguntas sobre seu estilo de vida, sintomas, objetivos e histórico de saúde.
A partir daí, um algoritmo próprio desenvolvido pela Purissima vai criar uma fórmula individualizada baseada nas respostas do cliente.
Depois, entra a camada de AI: a empresa criou um agente em cima das ferramentas da OpenAI para conferir se os dados batem e se a fórmula pode ser criada. Por último, o suplemento é revisado e recebe o aval de uma equipe formada por um médico, um nutricionista e um farmacêutico.
Segundo Passos, com essa estratégia inverte-se a lógica de uma farmácia de manipulação tradicional: ela precisa de uma receita de algum médico ou nutricionista para criar a fórmula para o consumidor.
Com a receita devidamente aprovada, o suplemento é produzido num laboratório montado pela Puríssima em Juiz de Fora (MG), que custou R$ 12 milhões.
Segundo Passos, a planta da empresa tem capacidade de produzir 800 fórmulas individuais por dia. Ou seja, se a planta funcionar em horário comercial durante oito horas por dia, a Puríssima conseguirá atender cerca de 17 mil clientes por mês.
“Mas dependendo da demanda, podemos criar um turno noturno e novas plantas estão em nossos planos,” disse.
A Puríssima vai oferecer três planos diferentes: o essencial (R$ 497 por mês), o avançado (R$ 797) e o premium (R$ 1.997), que Passos define como o “estado da arte da suplementação”.
Segundo ele, os planos mais caros podem ter suplementos mais caros, como urolitina A, voltado à regeneração das mitocôndrias, e fosfolipídios de caviar, que ajudam na saúde do cérebro e dos olhos.
“O plano básico é o iPhone SE, o intermediário é o iPhone Pro e o premium é o Pro Max. Todos funcionam e substituem o consumo de suplementos que a pessoa tomaria separadamente, em uma única fórmula,” disse.
Para chegar ao consumidor, Passos vai apostar no marketing digital. Tanto ele quanto seus sócios têm milhares de seguidores nas redes sociais e o empresário quer atrair influenciadores ligados à saúde.
“Vamos trazer influenciadores que saibam a nossa linguagem e que entendam o que estamos fazendo; este não é um produto para falas rasas.”
Numa segunda fase, Passos quer fazer parcerias institucionais com hospitais e planos de saúde para medir o resultado da Puríssima em pacientes e funcionários.
“Queremos mostrar o impacto da suplementação de alta performance no tempo de internação, na cognição e na produtividade,” disse o empresário.