Quase todo investidor americano hoje tem um ETF do S&P 500 na carteira.
A estratégia foi bem-sucedida nos últimos dois anos – mas o Morgan Stanley acha que chegou a hora de pensar duas vezes antes de colocar mais dinheiro em fundos passivos de ações americanas.
Lisa Shalett, a chief investment officer da divisão de wealth management do banco, acaba de publicar um relatório no qual elenca cinco razões para uma maior diversificação dos portfólios no atual momento do ciclo de investimentos – ainda mais quando a compra de Treasuries como hedge deixou de funcionar.
“Apesar de muitos investidores terem se acostumado ao investimento passivo em ações, uma estratégia mais diversificada pode oferecer um melhor retorno ajustado ao risco,” escreveu Shalett.
Abaixo, os cinco pontos destacados pela gestora.
1.Valuation e concentração elevados no S&P 500
O principal benchmark do mercado acionário americano está “extremamente precificado” e “excessivamente concentrado”. O múltiplo de 22,5x em relação aos lucros esperados está no topo superior dos últimos 35 anos – mais precisamente, está entre os 5% maiores registrados no período.
Em outubro de 2022, o múltiplo do S&P estava em 16,5x lucro. Além disso, as dez empresas mais valorizadas representam quase 40% da capitalização total, deixando o índice bastante dependente de algumas poucas mega caps.
2.Otimismo demasiado com os lucros
O Morgan Stanley considera as expectativas dos analistas de Wall Street “muito otimistas.” A previsão é de um aumento de 13% em 2025 e 15% em 2026. Para o banco, as Magnificent Seven deverão ter uma desaceleração do avanço nos lucros, enquanto as outras 493 deverão enfrentar dificuldades para ampliar as margens na atual conjuntura econômica.
3.Há melhores opções em outros mercados
Com a previsão de o S&P 500 entregar “modestos” 7% de ganho neste ano, há classes de ativos nos EUA e em outros países que deverão oferecer melhores resultados. “Europa, China, Japão e emergentes podem apresentar oportunidades, com políticas monetárias e condições econômicas potencialmente estimulando o crescimento,” escreveu a estrategista. Para além das ações, produtos de crédito e renda fixa podem dar um retorno entre 8% e 10%.
4.Correlação positiva entre ações e títulos
Tradicionalmente, ações e títulos se movem inversamente – o que serve de hedge aos portfólios. Mas recentemente esses ativos estão variando em sintonia. Os yields elevados dos Treasuries coincidem com as ações em máximas históricas. Essa nova tendência reforça a importância de diversificar para além dos ativos tradicionais.
5.Incerteza política
Os mercados ainda não precificaram os riscos envolvidos nas políticas do Governo Trump. Os benefícios esperados com a desregulamentação e o corte de impostos poderão ser anulados pelas tarifas e políticas de imigração.
“A economia americana está em um bom momento, mas o que nos preocupa é que os investidores estão se posicionando exclusivamente por meio dos índices passivos,” comentou Shalett.
Para o time do Morgan Stanley, 7% de ganho esperado é pouco para a turbulência que vem pela frente.
Em defesa de sua profissão, a CIO disse que os outperformers de 2025 serão os stock pickers e os alocadores ativos, buscando “catalisadores” subavaliados.
“Com os índices de ações americanas precificados à perfeição e uma maior sensibilidade aos rendimentos dos títulos cancelando o poder de hedge dos títulos do Tesouro, preferimos diversificar e buscar melhores retornos ajustados ao risco,” escreveu Shalett.