O Morgan Stanley, uma das mais tradicionais firmas de Wall Street, está sob múltiplas investigações das autoridades americanas, sob a suspeita de não ter avaliado corretamente possíveis atividades de lavagem de dinheiro de seus clientes.
A notícia foi publicada agora à tarde pelo Wall Street Journal e derrubou a ação do banco em mais de 5% no pregão de hoje.
O foco das autoridades está na divisão de wealth management, que responde por praticamente metade da receita do banco. As investigações envolvem americanos e clientes internacionais, incluindo pessoas com ligações na Rússia – que está sob sanções desde a invasão da Ucrânia.
As autoridades querem saber se o banco foi omisso ao não seguir adequadamente os protocolos de combate a transações com dinheiro de origem ilícita.
Citando fontes próximas às investigações, o WSJ disse que estão debruçados sobre o caso a Securities and Exchange Commission (SEC) e o Office of the Comptroller of the Currency (OCC), conjuntamente com outras áreas do Tesouro.
Os novos inquéritos se somam ao que já havia sido aberto pelo Federal Reserve em novembro, também por suspeitas de falha no controle de lavagem de dinheiro.
Segundo o WSJ, a SEC questionou, por exemplo, os motivos de a divisão de wealth management ter mantido negócios com pessoas que haviam sido marcadas com uma red flag, e por isso tiveram bloqueado o seu acesso à E-Trade, a plataforma digital de transações do Morgan.
Dois casos citados pela reportagem são o de um investidor que já havia sofrido sanções do Reino Unido por causa de suas relações com a Rússia, e uma mulher que realizou movimentações muito superiores a seus rendimentos e ao patrimônio declarado.
O Morgan está também sob o escrutínio da Financial Crimes Enforcement Network em razão de não ter lidado adequadamente com clientes suspeitos de lavagem de dinheiro ou sob sanção das autoridades.
A E-Trade foi comprada pelo Morgan Stanley em 2020 e desde então ajudou a impulsionar os negócios de wealth management. James Gorman, o ex-CEO e hoje chairman do banco, investiu pesado no wealth como forma de reduzir a volatilidade associada ao negócio de investment bank, o core do banco.
A estratégia foi um sucesso: o Morgan Stanley hoje administra US$ 6,6 trilhões de clientes, negocia a um prêmio de múltiplo sobre todos os seus pares, e em 2017 ultrapassou a Goldman Sachs em valor de mercado.
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