A Genoa foi obrigada a mexer em um time que estava ganhando.

Seu fundo Arpa, um long-biased, encerrou 2024 com o melhor retorno da classe nas janelas de 12 meses (28,5%), 24 meses (44,5%) e 36 meses (68%), segundo levantamento da consultoria Outliers.

Mas 2025 começou com um Trump no meio do caminho. Como o risco do fundo estava concentrado nos Estados Unidos, o desempenho patinou junto com o da Bolsa americana. 

Até 28 de março, o fundo acumulava uma queda de quase 4%, enquanto o S&P 500 recua 4% e o Ibovespa sobe 8%.

Os gestores José Torres e João Julião — o segundo recém-chegado do Verde — dizem que continuam enxergando mais valor no mercado americano do que no brasileiro, mas decidiram diminuir sua exposição lá fora no curto prazo para aproveitar a boa fase da Bolsa local. 

“A tese do excepcionalismo americano não morreu mas ganhou rivais no curto prazo,” os gestores disseram ao Brazil Journal. “Migramos para o Brasil até voltarmos a ter mais visibilidade.”

Os gestores lembram que a Bolsa brasileira se beneficiou de um playbook positivo para emergentes nas últimas semanas: dólar fraco, mercado chinês performando bem e EUA com expectativa de crescimento baixo, mas sem recessão.

“Numa bolsa largada, com volume baixo, qualquer fluxo estrangeiro ajuda.” 

Mas a exposição da Genoa é tática. A casa não foi muito além das empresas de utilities — defensivas — e do setor financeiro, que têm se valorizado. 

“Temos algumas outras teses isoladas, mas está difícil ter confiança em várias das empresas listadas. São poucas as opções, e a maioria delas são consensuais,” disseram.

Apesar do recuo, o Arpa segue net comprado em bolsa americana.

As posições que restaram estão concentradas nos setores de staples e tecnologia, com preferência por empresas de software (que têm receita recorrente) e de infraestrutura para IA, diante de uma demanda ainda elevada.

Saíram as empresas de consumo discricionário e as do setor financeiro, que tendem a ser prejudicadas por uma economia mais fraca; e as que têm fábricas fora dos EUA, que podem ser prejudicadas por tarifas.

“É possível que o Trump esteja adotando um ‘pacote de maldades’ primeiro para fazer as medidas populares depois. Além dos cortes de gastos, podemos ter estímulos e redução de impostos no futuro. Para o mercado, é uma correção que pode abrir oportunidades, mas não dá para entrar de cabeça agora.”