Duas das maiores empresas controladas por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira não estão pagando pra ver.
A Anheuser-Busch InBev (ABI) sacou US$ 9 bilhões em linhas de crédito garantidas junto a seus bancos, segundo o Financial Times, e a Kraft Heinz planeja sacar até US$ 4 bi, segundo a Bloomberg.
O saque das linhas — conhecidas como revolvers — é comum em momentos de stress de mercado e serve para as empresas se protegerem contra uma eventual iliquidez nos mercados de crédito.
“A recomendação é ‘seja o primeiro a pegar, põe o dinheiro dentro de casa e paga seis meses de juros mesmo que não vá usar’,” diz o gestor de um fundo em Nova York que recomendou a suas investidas sacar contra suas linhas.
O saque da ABI é significativo porque os US$ 9 bilhões constituem a maior parte dos US$ 16 bilhões que a empresa reportou em liquidez no final do ano passado.
A ABI está entrando nesta crise com US$ 95 bilhões em dívida líquida, ou 4x EBITDA, mas seus vencimentos são escalonados ao longo do tempo e a companhia não enfrenta um cash crunch iminente.
Na Kraft, a cautela é ainda mais compreensível porque, no mês passado, tanto a Standard & Poors quanto a Fitch tiraram o grau de investimento da companhia.
A ação da ABI fechou hoje em queda de 16%, e agora negocia no nível mais baixo desde 2009, no meio da última crise global. A companhia agora vale 31% do seu valor de mercado em setembro de 2016, quando o papel negociava a US$ 119.
Já a Kraft Heinz está pouco acima do all-time low atingido quinta-feira passada. Com sua ação a US$ 22, a empresa tem hoje um valor de mercado de US$ 27 bilhões.