O Jeitto – uma fintech de microcrédito voltada para as classes C, D e E – acaba de anunciar a aquisição da Pilla, que atua em crédito consignado privado.
As conversas começaram no início do segundo semestre do ano passado, e o negócio envolveu cash e troca de ações. Os valores não foram divulgados.
Os fundadores da Pilla, Henrique Soares e Renatto Machado, continuarão na empresa como diretores do Jeitto.
Fernando Silva, o CEO do Jeitto, disse ao Brazil Journal que já tinha como principal meta estrear em consignado privado, já que 50% dos 10 milhões de clientes da fintech trabalham sob o regime da CLT.
“Começamos a conversar com a Pilla, que estava procurando um investidor para alavancar o crescimento, e foi aí que percebemos que poderíamos crescer juntos,” disse Fernando.
Fundada em 2021, a Pilla começou como uma consultoria para ajudar funcionários de empresas a terem uma vida financeira mais saudável. Além de ajudar a renegociar dívidas, por exemplo, também dava crédito por meio da antecipação de parte dos salários.
O dinheiro dos empréstimos era descontado na própria folha de pagamento dos clientes. Logo depois, a startup passou a atuar também com crédito consignado privado – aumentando os cheques e o prazo do pagamento.
Hoje a Pilla atende 75 mil colaboradores de 40 empresas – de pequenas a grandes corporações, como a RD Saúde.
“A Pilla tinha crescido bastante mas vinha sendo conservadora, e a entrada do Jeitto vem exatamente para abrir o apetite ao risco,” disse Alex Franco, CTO do Jeitto.
Jeitto e Pilla estão de olho, principalmente, no crescimento esperado para o mercado com o lançamento iminente do eConsignado, a plataforma do Governo Federal que vai integrar os dados dos bancos privados com os do sistema eSocial.
Dessa maneira, o governo espera alavancar o crédito consignado privado, que ainda patina no País. Nas contas do Jeitto, o mercado deve multiplicar seu tamanho por 20 nos próximos anos.
“Esse crescimento seria só para atingir o patamar do setor público, que tem muito menos funcionários,” disse Fernando.
Essa deve ser a principal via de crescimento para os próximos anos do Jeitto, que nasceu em 2014. Naquele ano, Fernando viu a oportunidade de criar uma plataforma de microcrédito que utilizasse dados alternativos para avaliar os clientes, como informações sobre o aparelho e o plano de telefonia.
Ele já havia criado soluções parecidas em outros países emergentes, como Nigéria e México.
Hoje a fintech utiliza mais de 800 variáveis, além de inteligência artificial, para fornecer empréstimos de R$ 50 a R$ 3.000 para pessoas das classes C, D e E.
Segundo o CEO, o montante de crédito disponível para o cliente sempre começa pequeno e vai aumentando de acordo com o pagamento dos débitos anteriores.
“Percebemos que os nossos clientes sempre preferem pagar o Jeitto antes de outras dívidas, porque nos veem como um meio de pagar as contas do dia a dia, como da mercearia,” disse Fernando.
Com essa estratégia, a empresa cresceu 82% em 2024 e chegou a um faturamento de R$ 800 milhões. Mas diante da alta da Selic, o Jeitto colocou o pé no freio. Antes a empresa esperava faturar R$ 1,1 bilhão em 2024, valor que agora é estimado para este ano.
“Decidimos focar na rentabilidade e chegamos ao breakeven no final desse ano. Vamos seguir crescendo, mas muito mais de olho na geração de caixa,” disse.
Desde a sua fundação, a fintech teve dois aportes: em 2019, o Banco Master comprou uma fatia não divulgada da empresa. Em 2022, o Jeitto fez sua rodada série A com a Rise Ventures, quando levantou R$ 15 milhões.
O Jeitto segue no mercado em busca de sua Série B. No ano passado, a fintech contratou o BTG para conseguir levantar uma rodada de R$ 200 milhões.
“Preferimos adiar a captação por mais um ano para conseguir um valuation maior,” disse.
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