O Itaú Unibanco bateu uma expectativa que já era alta.

O lucro de R$ 11,1 bilhões no primeiro trimestre veio praticamente em linha com o consenso, mas a qualidade dos ativos ficou acima do esperado.

“O banco mostrou mais uma vez que tem uma capacidade muito boa de gerar lucro – e gordura para queimar,” disse um analista do sellside.

O lucro líquido aumentou 14% em relação ao ano anterior, apesar de uma alíquota de imposto mais alta, de 31%, superior ao guidance, que prevê entre 27% e 29%.

Já o lucro antes de impostos – uma proxy melhor do earnings power do banco, segundo Eduardo Rosman, do BTG Pactual – cresceu ainda mais: 16% na comparação anual e 6,5% no tri a tri.

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O ROE total foi a 22,5% – no quarto tri, estava em 22,1%, mas havia chegado a 22,7% no terceiro; no mesmo período de 2024, estava em 21,9%.

O índice de eficiência – que mede a relação entre os custos operacionais e a receita gerada (quanto menor, melhor) – vem caindo ano a ano e chegou a 38,1%, o melhor patamar da história do banco comandado por Milton Maluhy.

A carteira de crédito total, excluída a variação cambial, ficou praticamente estável no tri a tri, mas cresceu 9% na comparação anual.

A margem com clientes aumentou num ritmo maior: 3,2% frente ao trimestre anterior e 14% em relação ao mesmo período de 2024.

Esse aumento se deve ao maior volume médio da carteira de crédito e ao melhor mix de produtos, com o crescimento em linhas de spread elevado, como cartões de crédito.

Além disso, com a alta dos juros, a margem com capital de giro próprio cresceu.

Apesar da expansão do crédito, a inadimplência acima de 90 dias caiu para 2,3% – estava em 2,4% no trimestre anterior e em 2,7% há um ano.

A NPL creation (o surgimento de novos empréstimos com problemas) diminuiu, assim como o total de provisões, mas o patamar ainda é considerado conservador.

“Considerando tudo isso, é a melhor carteira de crédito que já tivemos,” Renato Lulia, o diretor de estratégia corporativa, RI e M&A proprietário do banco, disse ao Brazil Journal.

Apesar do cenário macro complicado e da expectativa de contração da economia com a alta da Selic, Lulia acredita que o banco pode continuar expandindo o crédito em todas as linhas.

“A estratégia é analisar e buscar os clientes resilientes em todos os segmentos,” diz ele.

Segundo Lulia, o impacto da Resolução 4966 da CVM, que altera as regras de contabilização e conceitos de provisões para perdas de crédito, foi marginal porque o banco já incorporava muitas das novas regras.

“Temos a impressão de que o Itaú ‘guardou’ resultado. Se quisesse lucrar mais, poderia sem problemas reduzir um pouco mais as provisões e o nível de capital,” disse o analista do sellside.