Mas uma comparação entre os modelos de negócios sugere que o melhor ‘peer’ da Stone talvez seja a Square, a empresa de meios de pagamento fundada por Jack Dorsey, que também fundou o Twitter. Tanto a Stone quanto a Square servem o mesmo tipo de cliente e funcionam como uma plataforma capaz de adicionar novos produtos ao longo do tempo.
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Dona de 5,4% do mercado brasileiro de transações de cartão, a Stone entrou semana passada com a documentação na SEC para um IPO na Nasdaq. Não está claro se a oferta será lançada antes do segundo turno das eleições, mas, a despeito do barulho político no Brasil, a oferta deve atrair o mesmo perfil de investidor que garantiu o sucesso da PagSeguro: gestores globais de fundos de tecnologia e mercados emergentes.
Goldman Sachs, JP Morgan e Citigroup são os coordenadores globais, e o sindicato inclui ainda Itaú BBA, Credit Suisse, Morgan Stanley, BofA Merrill Lynch e BTG Pactual.
As comparações com a PagSeguro são inevitáveis. A empresa da família Frias negocia a cerca de 25 vezes o lucro estimado para 2019. Aplicando o mesmo múltiplo, analistas estimam que a Stone pode ter um valor de mercado de R$ 25 bilhões a R$ 35 bilhões.
A Stone processa um pouco mais de transações que a PAGS. Usando como base os números do segundo trimestre de ambas as companhias, a Stone deve processar este ano cerca de R$ 74 bilhões, comparado a cerca de R$ 68 bilhões na PAGS.
Outra diferença: enquanto a Stone cresceu concorrendo com o antigo duopólio (Rede e Cielo), a PagSeguro criou um nicho de mercado — o de microempreendedores individuais (MEIs) — que agora está sendo atacado agressivamente por outros players.
Ao contrário da PagSeguro, a Stone tem uma força de distribuição própria que interage diretamente com os lojistas. A empresa nunca divulgou seu número de vendedores, mas seus times comerciais — equipes integradas de vendas, serviços e suporte — estão organizados em cerca de 180 “Stone Hubs” espalhados pelo País, e são a chave do relacionamento da companhia com o cliente.
No prospecto da oferta, a Stone diz ter mais de 200 mil clientes ativos no Brasil, e sugere que vai explorar esse canal de distribuição para oferecer outros produtos como soluções de CRM e programas de fidelidade — uma opcionalidade que o mercado certamente vai querer discutir no roadshow. A Stone também afirma que está explorando “oportunidades de negócios complementares em setores adjacentes, como ‘digital banking’ e soluções de software verticais específicos.” No Brasil, há 8,8 milhões de CNPJs de pequenas e médias empresas — o foco da companhia.
A Stone é a quarta empresa fundada por André Street, um empreendedor serial que fez sua primeira empresa aos 15 anos — e a vendeu aos 20.
Antes da Stone, Street e seu sócio Eduardo Pontes fundaram e/ou investiram em outras empresas de meios de pagamento — como a Braspag, a MOIP e o Sieve Group — por meio da Arpex, o veículo de investimento da dupla.