Nos próximos dias, o mundo vai ver um dos maiores IPOs da História: a oferta de ações do Alibaba, a maior empresa de e-commerce do planeta.
Os analistas estimam que o Alibaba — um gigante chinês melhor descrito como a cruza entre a Amazon, o eBay e o Google — vai valer mais do que os US$ 104 bilhões que o Facebook valia quando fez seu IPO em 2012, até então o maior valor de mercado de uma empresa numa oferta inicial de ações.
No Brasil, o varejo online também está atraindo dinheiro a rodo. Ontem, a NetShoes disse que vai receber uma injeção de capital de até R$ 500 milhões de seus sócios para continuar crescendo. Em janeiro, o Hotel Urbano, líder na venda de viagens no País, recebeu R$ 120 milhões de investidores. Sem falar na B2W, a dona do Submarino, cuja ação mais do que dobrou no último ano.
Vendo tudo isso acontecer, o CEO do Casino, Jean-Charles Naouri, só pode ter pensado uma coisa: “Moi aussi” (Eu também!)
Ontem à noite, o grupo francês e o Pão de Açúcar anunciaram que pretendem juntar todos os sites de vendas controlados por eles (o Ponto Frio.com, o site das Casas Bahia, e outros que o Casino tem na França, na Colômbia e na Ásia) e transformar isso numa nova empresa que — oui, monsieur — também vai fazer seu IPO nos EUA.
Juntos, os sites de e-commerce que formarão a nova empresa faturam US$ 4,1 bilhões por ano. É (quase) um negócio da China: o Alibaba faturou US$ 5,6 bilhões nos últimos nove meses de 2013.
A arte de recortar uma empresa e recombinar suas partes em negócios independentes (com listagem separada na Bolsa) é uma tática bem manjada no mundo empresarial.
O que as empresas ganham com isso? A tese central é de que, quando um negócio específico (como o e-commerce) é muito pequeno comparado com a principal atividade da empresa (no caso do Pão de Açúcar, as vendas dos supermercados e de eletrodomésticos), os investidores não atribuem valor nenhum ao negócio pequeno, e a ação da empresa não é tão valorizada quanto poderia ser.
Para chamar atenção para o tamanho e o valor do seu negócio online, Naouri vai enfiar tudo numa nova empresa. E a melhor parte: ela vai ser oferecida aos investidores como uma empresa de tecnologia (não de varejo), ou seja, negociará a múltiplos de preço/lucro muito mais altos do que o próprio Casino obtém.
Como o Casino e o Pão de Açúcar ainda serão os controladores dessa nova empresa, se tudo der certo suas ações subirão por tabela.