A Ingresse — uma das maiores plataformas de vendas de ingressos online do Brasil — acaba de adquirir a Ingresso Nacional, numa transação que aumenta sua receita em 10% com uma maior penetração no Sul do País.

A aquisição, cujo valor não foi revelado, é a oitava desde a fundação da Ingresse, que vem apostando numa estratégia agressiva de M&As para consolidar um setor extremamente pulverizado — e com parte relevante das vendas ainda no offline

A compra foi feita parte em dinheiro, parte em ações, com os três fundadores da Ingresso Nacional — Robson Ravache, Ricardo Valleta e Vagner Carvalho — continuando na operação como executivos.

Fundada em 2009, a Ingresso Nacional é uma das líderes de mercado no Sul, ao lado de empresas como BlueTicket e Uhu. No ano passado, ela fez um GMV de cerca de R$ 200 milhões, em comparação aos R$ 2 bilhões da Ingresse. 

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Para este ano, a Ingresse espera fazer um GMV de R$ 2,5 bilhões, sem considerar a aquisição de hoje. 

“O Sul é um mercado já consolidado e com uma cena importante de entretenimento. Tem muitos eventos, especialmente em Floripa,” Gabriel Benarrós, o fundador da Ingresse, disse ao Brazil Journal. “Mas é um mercado mais bairrista, mais fechado. As produtoras tendem a trabalhar mais com os players locais, então é mais difícil entrar se você não é de lá.”

Assim como a Ingresse, a Ingresso Nacional vende principalmente eventos de música, como shows e baladas, mas opera também em outros segmentos.  

Recentemente, por exemplo, ela foi a tiqueteira da Expointer, uma das maiores feiras de agronegócio do País, que acontece no Rio Grande do Sul. Ela faz com frequência as vendas da Copa Davis, o torneio de tênis entre países.

Em termos de rentabilidade, Benarrós disse que a empresa adquirida opera com uma margem maior, mas em compensação crescem menos. “Como não investem tanto em crescimento, eles queimam menos margem para isso,” disse o fundador. “Então a aquisição deve puxar nossa margem para cima.”

Nos últimos anos, a Ingresse tem financiado suas aquisições basicamente com a geração de caixa do negócio. A última captação da startup foi em 2019, quando ela levantou R$ 90 milhões numa rodada liderada pelo Endurance, o family office dos herdeiros do banqueiro Pedro Conde. 

Benarrós diz que a startup já começou a conversar com fundos para uma nova captação.

Os recursos da próxima rodada podem acelerar a estratégia de M&A da companhia, que hoje tem um pipeline de potenciais aquisições que somam um GMV de mais de R$ 7 bilhões — mais de três vezes o tamanho da empresa. 

Uma nova captação também poderia financiar um movimento mais transformacional para a empresa, como uma transação com outra tiqueteira com um tamanho parecido ao dela. 

Segundo Benarrós, a Ingresse é hoje a líder de mercado no Brasil junto com a TicketMaster, que faz um GMV semelhante ao dela mas opera de forma verticalizada, com sua própria produtora. 

Outros players relevantes são a Sympla, controlada pela Movile, e a Eventim, que é muito concentrada num único cliente, a 30e, que organizou recentemente shows como o do System of a Down e Natiruts. 

Não há uma medição oficial do market share do setor, mas Benarrós estima que os dois maiores players (a Ingresse e a TicketMaster) ainda têm menos de 20% do mercado total de vendas online. “É muito pulverizado ainda,” disse ele.