Quando fundou a HSI em 2006, Maximo Lima só levantou recursos para a gestora de real estate e crédito com investidores estrangeiros.
A decisão não foi à toa.
Max fez toda sua carreira nos Estados Unidos, onde trabalhou como investment banker e gestor, e achava que o passivo brasileiro era bem mais complicado.
“O mercado era muito mais avacalhado naquela época. Os fundos de pensão tinham processos muito políticos e exigiam, por exemplo, sentar no comitê de investimento,” ele disse ao Brazil Journal.
Já os family offices… “em geral, era um cara rico pra cacete, que normalmente estava na praia porque vendeu a empresa e deixou o filho sem nenhuma experiência tocando o negócio.”
Agora, Max acha que o Brasil mudou — e pela primeira vez está captando na Faria Lima.
Hoje a HSI tem R$ 13 bilhões sob gestão, com 100% dos recursos institucionais vindo de investidores estrangeiros, especialmente fundos soberanos, endowments e fundos de pensão. (A gestora também tem uma vertical de fundos imobiliários que representa 40% dos ativos e cujo passivo é principalmente de investidores de varejo).
“Hoje os single family offices estão muito mais profissionalizados e tem os MFOs que pegaram grandes fortunas – então no agregado você consegue ter conversas muito boas,” disse o gestor.
Para ele, os fundos de pensão também se profissionalizaram, principalmente nos últimos cinco anos, e passaram a olhar com mais atenção para produtos alternativos.
Mesmo com a mudança de Governo, ele ainda não vê retrocesso. “Tem falas mais polêmicas, mas no dia a dia temos visto as pessoas tocando a vida normal. Está mais sério do que já foi na história do Brasil.”
Para acessar esse novo bolso, a HSI criou uma joint venture com a VSK Partners, fundada por Luiz Lessa.
Lessa – um ex-executivo do UBS e da Maersk com 20 anos de experiência em operações estruturadas, especialmente de crédito – tem um networking robusto entre fundos de pensão e RPPS (os fundos de pensão municipais e estaduais). Ele ficará responsável por captar os recursos, e a JV ganhará uma parcela da taxa de administração.
Max e Lessa já começaram conversas informais com investidores e pretendem começar a distribuição formal nas próximas semanas. O primeiro plano é levantar R$ 250 milhões para o fundo VI de real estate private equity da firma, que foi levantado há um ano e meio e hoje tem R$ 1,1 bilhão em recursos.
Outra ideia é levantar um novo fundo da vertical de special opportunities (basicamente, crédito high-yield de empresas) e criar novos produtos voltados para o mercado local.
“Tem produtos que não são interessantes para o gringo, mas que fazem todo sentido para o brasileiro. Podemos lançar, por exemplo, um fundo que ainda seja high-yield mas tenha um retorno menor ao que estamos acostumados, e com um risco menor também,” disse o gestor.
Max quer que o capital de institucionais brasileiros passe a representar um terço do passivo total da HSI. “Daqui a uns quatro anos, esperamos chegar a uns R$ 30 bi sob gestão – e a ideia é que cerca de R$ 10 bi seja de institucionais brasileiros, R$ 10 bi de fundos imobiliários e R$ 10 bi de institucionais estrangeiros,” disse.
A decisão de diversificar o passivo também tem a ver com uma mudança no cenário global, com o dinheiro para investimentos alternativos se tornando mais escasso nos últimos anos. O ano passado foi um dos piores anos na captação de alternativos.
“Quando você investe em alternativos você demora para saber que deu problema, porque o gestor vai enrolando. Então, os investidores hoje sabem que vão ter problema, mas não sabem quando, e isso tem travado esses investidores globalmente,” disse Max.
Segundo ele, a HSI conseguiu levantar no ano passado os recursos que queria lá fora, mas com um número muito menor de investidores.
“A dificuldade para captar foi maior e isso também me abriu a cabeça de que pode ser bom captar aqui também.”