A Estoca — uma startup que faz gestão de logística para players de ecommerce — acaba de ser avaliada em R$ 470 milhões numa rodada que vai lhe dar fôlego para investir em agentes de inteligência artificial.
A captação foi liderada pela Astella Investimentos e pelo Y Combinator. As duas gestoras já eram investidoras da Estoca e resolveram dobrar a aposta na startup.
O valor da rodada não foi revelado, mas o fundador Caio Almeida disse ao Brazil Journal que o valuation foi duas vezes maior que o da última captação da Estoca, em setembro passado, quando a startup havia levantado R$ 32 milhões.
“Ainda temos dinheiro no caixa da rodada anterior, mas essa foi uma captação oportunística porque vimos três grandes oportunidades de crescimento,” disse ele.
“Queremos entrar mais forte no B2B; criar uma ferramenta de inteligência de frete, que daria um preço de frete bem específico para cada bairro e CEP, ajudando a vender mais; e investir em agentes de inteligência artificial que ajudem a aumentar a eficiência.”
Fundada em 2020, a Estoca nasceu da experiência de Caio, que antes havia trabalhado na expansão do Uber Eats no Brasil, e de seu sócio Rodrigo Cava, que também trabalhou no Uber Eats e depois na Rappi, sempre na área de tecnologia.
Na Estoca, os dois criaram um WMS (warehouse management system), um software para fazer a gestão dos galpões logísticos. O diferencial do WMS da Estoca é que ele é focado 100% nas necessidades dos players de ecommerce, que fazem uma entrega B2C, enquanto os softwares que já existiam no mercado (de gigantes como TOTVS e Senior Solutions) são voltados para entregas B2B.
A customização do software da Estoca para o B2C faz com que empresas de ecommerce consigam processar em média cinco vezes mais pedidos por metro cúbico do que usando um WMS tradicional, disse Caio.
Depois de desenvolver o WMS, a Estoca criou também um OMS (order management system), o software responsável por gerir a entrada dos pedidos; e um TMS (transportation management system), o software responsável por gerir a relação com as transportadoras que farão as entregas.
Isso faz da Estoca “a única empresa que tem as três ferramentas e consegue orquestrar toda a logística digitalmente e fisicamente,” disse o fundador.
A Estoca opera hoje com um galpão próprio em São Paulo, o flagship da companhia, além de outros sete galpões terceirizados — que não pertencem a ela, mas onde ela faz toda a gestão. O cliente da Estoca também tem a opção de contratar apenas o software, e ele próprio operar o galpão, com uma equipe interna.
A startup já atende mais de 100 clientes, incluindo a NewBalance, Fila, Supley, CloudWalk, e SuperCoffee.
A companhia não abre o faturamento – uma comissão por pedido processado – mas diz que movimentou mais de R$ 2 bilhões em mercadorias de seus clientes no ano passado.
A meta para este ano é dobrar esse GMV; e, em 2026, dobrar novamente.
Com a rodada, a Estoca quer expandir sua atuação também para o B2B — ou seja, atuar na logística para distribuir os produtos de seus clientes para outras empresas.
Caio diz que decidiu fazer esse movimento porque muitos players puramente de ecommerce “começaram a ver vantagem em estar expostos fisicamente,” passando a distribuir seus produtos para outros players venderem no varejo físico, como drogarias, supermercado e lojas de departamento.
“Mas isso demanda grandes investimentos. Primeiro temos que fazer adaptações no nosso WMS, porque a lógica de gestão logística é diferente. Além disso, tem um grande investimento no TMS,” disse ele. “No B2C, o TMS tem a complexidade de pulverização de entrega. Já no B2B a dificuldade é entender se as transportadoras atendem em shoppings ou em endereços específicos. A lógica da orquestração das transportadoras é diferente.”
A startup também vai usar a rodada para investir em agentes de AI, que ajudarão a tomar medidas para aumentar a eficiência da operação.
Por exemplo, hoje, se há um erro no ERP do cliente, a Estoca só consegue ver no dia seguinte os pedidos que ficaram atrasados por conta disso.
“A AI vai conseguir identificar isso muito mais rápido e tomar ações ou emitir alertas para evitar que esses atrasos sequer aconteçam,” disse ele. “Hoje temos gerentes de conta que gerenciam clientes. Com a AI vamos conseguir ter um ‘gerente’ para cada pedido.”